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Após gravidez, executiva deixa emprego e investe tudo em negócio para mamães

Mãe de três filhos, Mariane Tichauer sentiu na pele a carência de acessórios inovadores para gestantes e bebês e lançou empresa para garimpar novidades no exterior

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Pouco tempo atrás, Mariane Tichauer tinha o que considerava uma vida sob controle. Sua rotina seguia organizada em torno do casamento e da carreira de executiva de telecomunicações - que ocupava parte considerável de sua agenda com reuniões e viagens de negócio. Em 2006, no entanto, isso começou a mudar. Mariane descobriu a primeira de uma série de três gestações consecutivas e percebeu  que tinha um ritmo de vida incompatível com a demanda da criançada. Ela ficou insegura e, por sorte, resolveu tomar um café com uma amiga em um dia de inspiração. Entre um gole e outro, falaram de moda, de filhos e até de negócios. Depois, juntaram todos os assuntos e acrescentaram uma pitada de empreendedorismo. Pronto, nascia assim a Itté, importadora e distribuidora de produtos para gestantes, bebês e crianças. A empresa procura pelo mundo lançamentos inovadores para vender com exclusividade no Brasil.

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:: Twitter :::: Facebook :::: Google+ :: “A maternidade mudou totalmente minha vida. Eu precisava viajar menos, tinha de ter mais tempo durante o dia para as crianças e, ao mesmo tempo encontrar, uma atividade compatível com tudo isso. Além disso, tomei contato com um mundo novo. Passei a observar a carência de um mercado que não conhecia”, diz Mariane, que entre o pedido de demissão na multinacional em que trabalhava e o início da atividade como empresária atuou como consultora para empresas estrangeiras.

“Nesse meio tempo, como consultora, sentia na pele o quanto era difícil encontrar roupas e produtos adequados a uma mãe urbana. Era tudo muito infantilizado e a mulher ficava horrível. Por exemplo, eu me arrumava toda para sair com o filho, mas a bolsa para levar a mamadeira e as fraldas, além de enorme, era de plástico, rosa e com o desenho do Mickey Mouse estampado. Só faltava a anteninha na cabeça para parecer um personagem de Walt Disney”, conta Mariane.

Praticidade. O ponto de partida para o empreendimento de Mariane, portanto, foi fechar parcerias com fabricantes que rompessem com essa lógica de infantilização e falta de praticidade. A empresária começou a garimpar em feiras internacionais, lojas, amigos e até pela internet todos os lançamentos para o mercado de gestantes e de bebês.

Dessa forma, tudo o que apresenta algum tipo de diferenciação em design e em funcionalidade chamava e continua a chamar a atenção de Mariane. “O produto de minha empresa precisa ser moderno, prático e bonito. Era sobre isso que conversava no café com minha amiga quando nasceu a empresa. Observamos, naquele momento, que existia e continua a existir uma forte demanda por esse tipo de produto no Brasil”, diz.

Mudanças. Com o apoio de uma sócia, o investimento inicial do negócio foi baixo: R$ 60 mil. O dinheiro foi o suficiente para adquirir os primeiros lotes dos produtos, fechar alguns contratos com fabricantes estrangeiros e começar a experimentar a aceitação de cada item no varejo.

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No início, Mariane alimentava um formato híbrido de comercialização. Além de distribuir os produtos para pontos de venda, também mantinha uma loja virtual com foco no consumidor final. A estratégia, observa a empresária, foi positiva para conhecer o mercado, mas também corroborou para emperrar a expansão dos negócios, no sentido em que dividia a atenção da empresa com canais bastantes distintos.

A solução para o problema viria com a ruptura da sociedade em meados de 2011. “Foi uma separação feliz. Minha sócia queria trabalhar no varejo e eu focar na importação e na distribuição. Decidimos romper. Ela está feliz e crescendo com o site e eu com a importadora. De seis meses para cá, quando passei a atuar sozinha, expandi o número de pontos de venda de 20 para 120", afirma Mariane. Atualmente, a Itté distribui para todo o Brasil, com lojas parceiras nas regiões Sul, Sudeste,Centro-Oeste e Nordeste.

Perto de casa. Do lançamento até hoje, todo o faturamento da Itté é reaplicado no próprio negócio. “Nunca tirei um Pro Labore sequer”, afirma a empresária. Foi com essa gestão de austeridade dos recursos que o negócio saiu de dentro da casa de Mariane e passou a operar em uma sede no bairro do Morumbi, na Zona Sul da cidade de São Paulo. O endereço estratégicamente posicionado a oito quadras da residência da empresária e a quatro quarteirões de onde estudam as suas três filhas, Catarina, Isabela e Olívia. “No início, achei que poderia trabalhar em casa. Mas não deu. Com três meninas por perto, é impossível. Mesmo assim, nunca imaginei que iria trabalhar tão perto de minha casa quanto hoje”, diz Mariane.

Na sede também funciona a central de distribuição da Itté, que não é terceirizada. O volume de vendas, que superou o projetado para o primeiro ano em cinco meses, diz a empresária, ainda não justifica a contratação de uma distribuidora. “A distribuição ainda não é um problema. Nossa grande dificuldade atual é o financiamento. Estamos crescendo rápido, mais rápido do que nossa capacidade de investimento. Mas como somos muito novos é difícil encontrar linhas de crédito atraentes no mercado”, conta Mariane.

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A opção de Mariane Tichauer para buscar dinheiro, pelo menos por enquanto, não contempla mesmo a oferta dos bancos, sejam eles públicos ou privados. A empresária planeja conseguir aportes junto a investidores, tanto os anjos - pessoas físicas que fazem aportes em novos negócios - quanto grupos que se reúnem em fundos de investimento. “Nossa ideia é dobrar de tamanho imediatamente, para ampliar o número de linhas importadas e começar a estruturar um braço para a exportação. Sei que o momento econômico é complicado. Mas está na hora de começar a estrutura também a exportação, que tem muito futuro”, conta a mamãe.

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