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David Pinto vende a rede Doutor Resolve e sai do modelo de microfranquias

Empresário de 31 anos chegou a ter 710 unidades, mas virou alvo de críticas por vender mais franquias do que o mercado poderia comportar

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Por Renato Jakitas
Atualização:

O empresário David Pinto vai sair até o final de julho do comando da Doutor Resolve. Ele acertou a venda da rede de microfranquias especializada em reparos e pequenas reformas para dois investidores do interior de São Paulo, sendo um deles o ex-presidente do grupo Evandro Pinotti, que havia se desligado do comando para tocar projetos pessoais no ano passado.

Com o negócio, o empreendedor de 31 anos coloca um ponto final em uma história tumultuada, marcada por um início triunfal, em que chegou a vender 300 franquias em um único ano de atividade, até cair em desgraça no mercado, acusado de vender unidades indiscriminadamente, o que levou a um alto índice de fechamento e de forte insatisfação entre investidores. 

O empresário David Pinto Foto: Divulgação

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O projeto de David Pinto, agora, é se concentrar nas incursões dentro da área educacional. Ele é dono desde 2011 de uma rede de formação de mão-de-obra para a construção, o Instituto da Construção, com 40 franquias, e recentemente lançou um serviço online de ensino de empreendedorismo denominado Longitude, em que também é professor (ele dá aulas justamente sobre expansão de franquias).

A venda acontece sem a intermediação de um banco nem de uma consultoria especializada. Foi concretizada principalmente pelo interesse do próprio David Pinto, que procurou Pinotti e costurou a negociação. Os valores envolvidos não foram divulgados, assim como são guardados em sigilo o número de franqueados da rede. O silêncio faz parte da estratégia em blindar o máximo possível a marca para o mercado, que elegeu nos últimos anos elegeu a Doutor Resolve como um exemplo de mal gestão no segmento de franquias.

Segundo a analista em franquias Ana Vecchi, a Doutor Resolve se perdeu devido a uma somatória de fatores. "(Eles) cresceram apostando que havia mão de obra disponível e qualificada para atender todos os franqueados em todas a praças, cresceram mais do que tinha estrutura para atender todos os franqueados em serviços, por não terem estrutura para dar todo o suporte suficiente para a rende que criaram", analista. 

David Pinto discorda. Segundo ele, que chegou a ter 710 franquias em 2014, o crescimento em larga escala no passado foi inevitável. "Não dá para dizer que estava errado. Se eu vivesse novamente aquele momento, com a mesma temperatura, pressão e economia, faria tudo novamente", conta ele, para em seguida reconhecer alguns equívocos. "Eu acho que trouxe (para a franquia) gente que não estava interessada, que não tinha o perfil", conta. "Tudo aconteceu de uma forma inesperada e muito intensa. Tinha 25 anos para 26 anos quando comecei esse negócio e jamais imaginei, nem nos meus maiores sonhos, que se tornaria em algo tão grande", afirma.

Com cuidado para tratar o assunto, o futuro novo dono da Doutor Resolve conta que o desafio, a partir de agora, será o de reorganizar a operação e conseguir readquirir a confiança dos investidores para a marca. "O desafio é que existe um referencial, o desafio é melhorar, subir esse referencial", observa Evandro Pinotti. "Já há (entre os investidores) um histórico com a rede em termos de relacionamentos. O desafio é olhar para o novo momento e enxergar uma oportunidade de melhora contínua", destaca.  

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