Apoio ao empreendedorismo faz com que empresas comecem já na faculdade

A universidade estimulou o empreendedorismo e o resultado é o surgimento de novas, e promissoras, pequenas empresas

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Por Rodrigo Rezende
Atualização:

Não faz muitos anos, as universidades brasileiras passaram a estimular o empreendedorismo entre seus alunos – seja na graduação ou em cursos de especialização. E o resultado o País começa a colher agora: há uma série de novos negócios, que surgiram ainda nos câmpus, e que têm tudo para ganhar espaço no mercado.

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É o caso de Marisa Peraro, que criou a Pró-Corpo Estética. A empresa nasceu do seu trabalho de conclusão de curso, ainda em 2006 na faculdade de administração, e hoje ela fatura R$ 2 milhões por ano. “Fiz um bom plano de negócios e escolhi montar uma empresa que oferecesse serviços com preços justos e para mulheres que não têm muito tempo”, conta.

Quando formou-se, Marisa enxergava dois caminhos: seguir na área de recursos humanos ou montar uma empresa. “Eu tinha um brilho dentro de mim que a ideia do TCC daria certo e fui muito incentivada pelo meu sogro. Ele disse que eu tinha perfil empreendedor e as palavras dele foram decisivas.”

O investimento inicial para abrir a clínica foi de R$ 17 mil e hoje a Pró-Corpo possui seis unidades próprias e uma franquia. “Quero alcançar 500 lojas em cinco anos”, afirma Marisa.

Os engenheiros Luiz Lamardo, Laio Burim e Marcelo Koga se conheceram na faculdade de engenharia da Universidade de São Paulo e, quando se reencontraram na pós-graduação, resolveram retomar um projeto de automação. Era o estopim para a criação da Mvisia, empresa incubada no Cietec desde o começo de 2012.

O trio de empreendedores desenvolveu uma máquina que usa uma tecnologia chamada visão computacional, além de aspectos da inteligência artificial, para selecionar e separar mudas de flores por categorias, isso conforme o tempo que levarão para crescer.

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Até agora, o investimento feito foi de R$ 30 mil. O objetivo da empresa é vender dez máquinas em dois anos e, dessa forma, faturar R$ 750 mil. Mas o salto poderá ser ainda maior. Segundo Koga, a invenção consegue ser usada para separação de frutas e legumes em áreas de seleção ou controle de qualidade. “Existem soluções similares na Europa, mas os equipamentos são muito caros, nossa ideia é fazer máquinas com preços mais baixos”, diz Lamardo.

Outra empresa que nasceu do trabalho de conclusão de curso da faculdade, no Senac, é a Consultoria Escolha Verde. Beatriz Couto, Bruna Cavassa e Gaby Degaky são sócias do empreendimento, também incubado no Cietec desde o ano passado. A empresa pretende atender o segmento têxtil. “Queremos propor uma produção mais limpa às confecções, para elas aumentarem sua ecoeficiência”, diz Beatriz.

Um dos casos mais conhecidos – e até usado como modelo por jovens empreendedores brasileiros – é o da criação do Mercado Livre. A ideia do negócio foi do argentino Marcos Galperin, e tudo começou quando ele cursava MBA nos Estados Unidos. Galperin conta que desenvolveu o plano de negócios durante o curso e conversou com muita gente sobre o projeto, incluindo um professor que facilitou o contato entre ele e um investidor.

“Muita gente não acreditava no comércio eletrônico na região (América Latina), mas eu abandonei o meu emprego da época na área de finanças e montei o Mercado Livre”, afirma o empreendedor.

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Atualmente, o empreendimento opera em 13 países e movimentou US$ 5,7 bilhões no ano passado. Mas o sucesso da companhia, garante Galperin, não teria chegado nunca sem o mais importante: encontrar as pessoas certas e que acreditavam na importância que a internet teria nos anos seguintes. Ele e a equipe estavam certos.

Ambiente acadêmico estimula novas ideias Para o professor de economia Jose Eduardo Amato Balian, da ESPM, o ambiente acadêmico é importante para que o aluno desenhe o seu futuro profissional. “Os estudantes podem enxergar que há opções diferentes de carreira, que eles poderão trabalhar em grandes empresas ou investir em seus negócios próprios”, diz. Segundo o especialista em empreendedorismo, que também coordena projetos na incubadora de negócios da faculdade, “atualmente há muita interação entre as ideias empreendedoras e as matérias da escola”, afirma.

Ainda segundo Balian, quem inicia o empreendimento no período em que ainda está estudando pode sair na frente. “Não deveria haver diferenças entre uma empresa que nasce na faculdade e outra que não, mas é fato que dentro da incubadora há um acompanhamento mais próximo e muita dedicação e orientação para o empreendedor, o que auxilia principalmente no início”, analisa.

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O que pode ser negativo para quem começa a empresa ainda nessa fase de estudos, conta ele, é a falta de vivência no mundo do trabalho. “A pessoa pode ainda estar muito crua, por isso, o nosso acompanhamento é um diferencial”, completa.

Mas ter organização é importante. No caso de Marisa Peraro, por exemplo, ajudou o fato de a empreendedora ter elaborado um bom plano de negócios. Mas sua proposta de clínica de estética não teria dado certo caso ela não tivesse encontrado um diferencial em relação aos concorrentes: a agilidade na prestação do serviço.

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