
12 de outubro de 2016 | 06h00
Neste Dia das Crianças, Renata Barrios, de 8 anos, desenhou sua coleção de bichos de pelúcia brincando juntos, como se fossem uma família. Depois, como sempre faz com suas gravuras, a imagem foi para a loja virtual Desenhos Re.
Há dois anos, a pequena empreendedora disponibiliza seus trabalhos para o público ao preço simbólico de R$ 2. A razão é muito mais nobre do que a simples troca comercial. "Eu gosto muito de desenhar e como não posso mostrar para todo mundo de uma vez só, perguntei para a minha mãe se poderia fazer um site para deixar eles (sic) lá. E ela disse que sim", conta Renatinha, com a timidez que a pouca idade reserva.
Desde o lançamento da plataforma, em 2014, Renatinha já vendeu mais de 300 desenhos. Ela acompanha, pelo celular da mãe, aquilo que chama de 'programa' que mostra os acessos ao seu e-commerce. "Se tem zero pessoas no site, aparece o número zero. E se tem uma, aparece o 1", explica, de forma pausada e didática, o funcionamento do Google Analitcs.
A garotinha comemora a abrangência do seu trabalho. Moradora de Indaiatuba, no interior, ela conta já ter recebido encomendas de desenhos de lugares além das fronteiras da sua cidade, como São Paulo, Campinas e Estados Unidos. Do país gringo, o pedido foi especial. "Um moço me pediu para fazer um desenho de uma estátua", relembra. "Não me lembro o nome dela, mas é uma moça que fica com uma tocha na mão, assim, levantada", descreve, paciente, a Estátua da Liberdade.
Quando crescer, a artista mirim quer ser desenhista profissional. "Vou estampar meus desenhos nas blusas", planeja. Enquanto ainda é criança, porém, a garota quer dedicar o tempo livre entre a escola e as aulas de inglês para uma nova empreitada: um canal no YouTube voltado para jogadores do game Animal Jam. O lançamento da plataforma depende ainda dos pais de Renatinha, que vão ensiná-la a operar a webcam. "Eu ainda não fiz nenhum vídeo porque não sei gravar", conta.
Família. De olho nos passos da filha pelo mundo virtual, a analista financeira Raquel Barrios reconhece o talento da garota, mas mantém os pés no chão e recusa todas as propostas de capitalizar o trabalho de Renatinha. Desde marcas de roupas até empresas de marketing já tentaram cooptar a menina para campanhas, sem o aval da mãe.
"Não profissionalizo isso de maneira alguma", coloca Raquel. "A Renata cativa as pessoas e, para ela, é tudo uma grande brincadeira de criança. Ela é muito novinha e não vou incentivar nenhuma exposição da imagem dela", pondera.
A inspiração de Renatinha, por enquanto, deve continuar a ser sua coleção de bichos de pelúcia.
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