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Lojista troca discos pelo amor ao futebol

Sem perspectiva de crescimento em negócio envolvendo música, empreendedor cria comércio para vender camisas de times internacionais

Por Letícia Ginak
Atualização:
Renato Martins,proprietárioda loja Atrox Casual Club. Foto: JF Diorio/Estadão Foto: JF Diorio/Estadão

Os manuais dizem que a paixão e o propósito do empreendedor são alguns dos principais fatores por trás de um negócio de sucesso, sem contar, claro, a boa gestão. No caso da Atrox Casual Club, loja paulistana que comercializa camisas de futebol de times internacionais de diferentes divisões, pode-se dizer que a paixão pelo esporte, não apenas do fundador, mas também dos consumidores, é que mantém o negócio. 

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A loja tem como idealizador o comerciante e amante do futebol inglês Renato Martins, que possui experiência de 11 anos no varejo. Ele já foi proprietário de uma loja de discos na Galeria do Rock. “Quando percebi os avanços da tecnologia no setor de música, previ que iria quebrar. Antes de isso acontecer, vendi meu ponto, em 2001, paguei os funcionários, quitei algumas dívidas e comecei a produzir shows de bandas internacionais no Brasil.” 

A incerteza no sucesso financeiro dos shows levou Martins, mais uma vez, a uma nova jogada profissional. “Eu sempre viajava para a Inglaterra e percebi que os amigos me pediam para trazer camisas de times locais. Então, passei a comprar uma quantidade maior para revender”, conta. 

Ainda sem ponto físico, as primeiras vendas foram feitas em lojas de amigos. O chute foi certeiro. “As camisas eram vendidas muito rápido e, por isso, decidi montar um negócio. Fiz o caminho inverso do que recomendam hoje, que é abrir primeiro a loja virtual e depois a física.” Apesar de inicialmente não apostar no e-commerce, Martins cadastrou e assegurou o nome da loja em todas as redes sociais, com o objetivo de cravar a sua marca no mercado. 

Com investimento de R$ 25 mil gastos na compra de duas passagens para a Inglaterra e em 120 camisas, a Atrox Casual Club entrava oficialmente em campo em 2014, em um espaço de 18m² na Galeria Ouro Velho, na Rua Augusta (Consolação).

Hoje, o empreendimento possui 1.000 exemplares de clubes de 42 países e algumas raridades, como camisas de times não reconhecidos pela Fifa. De acordo com Martins, são vendidas por volta de 100 camisas por mês, pela internet e na loja física, além de cachecóis (comum entre torcedores europeus), bonés, canecas e livros. Ele diz que os valores variam muito e há até o caso de um exemplar que chegou a R$ 500.

Modelo. Com a bola já rolando em campo, Martins adotou uma nova estratégia que inicialmente não foi prevista: também ser ponto de venda de camisas de colecionadores que queriam se desfazer do produto. “Eles chegaram até mim com essa proposta de deixar algumas camisas aqui para eu vender para eles. Comecei, então, a criar uma rede desse tipo de fornecedor. Estabelecemos uma porcentagem e eu não tenho custo nenhum de mercadoria”, diz.

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O consultor de negócios do Sebrae-SP Guilherme Campos respalda a estratégia e alerta: “Trabalhar com mercados de hobby significa também trabalhar com um setor extremamente segmentado”. 

Campos ressalta que “em se tratando de coleção, o cliente não mede esforços para conseguir o produto”. Esse comportamento, permite, diz ele, obter maior margem de preço à medida que o produto for mais raro. “Ao mesmo tempo, do ponto de vista de concorrência, a internet facilita o acesso direto entre o consumidor interessado e o vendedor.” 

A fim de atrair o cliente à loja, Martins promove eventos, como campeonatos de futebol de botão, encontros de colecionadores e, atualmente, troca de figurinhas das seleções da Copa do Mundo. “Já recebemos cerca de 100 colecionadores em um único encontro.”

Pessoa importante para o negócio e um diferencial, segundo o empresário, é seu colaborador, Marcos Passarella. “Ele é uma enciclopédia. Olha para a camisa e sabe o ano, o campeonato, o jogo e até quem fez o gol.” 

Por ora, o comerciante não pensa em expansão. “Antes de expandir, quero tornar o negócio ainda mais forte, ter mais parceiros, encontrar mais colecionadores que deixem camisas comigo. Eu não gosto de dar o passo maior que a perna”, afirma Martins.

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