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Agências abrem crediário para atrair viajantes da classe C

Unidades vão atrás de cliente em comunidades ou em supermercados; turismo de estudo e lazer ao exterior tem demanda

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Por Mariana Desidério
Atualização:

 O bom e velho carnê, popularizado pelas empresas de varejo de massa, vem sendo adotado por uma nova geração de agência de viagens a lazer ou de intercâmbios. São negócios que de olho na larga escala viabilizada pelo consumo da classe C buscam parcerias ou colocam a mão no bolso para cotizar em muitas vezes a conta de quem, em alguns casos, nunca pisou dentro de um avião. 

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Um exemplo desse novo movimento é o da Global Study. Fundada em 2007, a agência especializada em atender jovens interessados em estudar no exterior nasceu com a intenção de competir pelo público das classes A e B, os tradicionais compradores desse serviço. 

Porém, ao perceber a alta concorrência instalada nessa faixas de renda, o fundador Flávio Imamura adaptou o modelo para um novo freguês. “Nossos clientes são ex-motoboys, gente que trabalhou em redes de fast-food”, afirma. “Percebi que havia uma demanda reprimida e resolvi focar aí. Fizemos parcerias com escolas mais baratas lá fora, o que nos garante preços mais acessíveis.” 

Atualmente, a Global Study tem sete lojas instaladas em cinco cidades brasileiras – São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador. O investimento para abrir a empresa foi de R$ 30 mil. A primeira loja, na zona sul de São Paulo, espera faturar R$ 3 milhões em 2014.

Para crescer, Flávio Imamura optou pelo modelo de franquia. Nesse sentido, abrir uma unidade da marca custa, em média, R$ 80 mil. 

As viagens da Global Study têm valores a partir de R$ 6,5 mil e podem ser divididas em até 12 vezes sem juros, no boleto bancário. O negócio foi desenhado de forma que o cliente embarque para o destino com as parcelas quitadas. Exatamente por isso, o modelo dispensa análise de crédito e não exige limites no cartão de crédito.

“É como se fosse uma poupança. (O cliente) vai pagando antes da viagem. Quanto mais antecedência (ele fechar o contrato), melhor pra ele”, afirma Flávio Imamura. 

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Esse modelo de negócio, inspirado na caderneta de poupança, tem se consolidado também entre as agências de turismo a lazer voltadas para os compradores das classes C e D. 

A RC Viagens, agência localizada na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, é uma das que vende passagens aéreas utilizando justamente esse formato. 

“Quando decidi abrir a possibilidade do carnê, minhas vendas aumentaram 50%”, revela o dono do empreendimento, Antônio Costa. Ele abriu a empresa em 2009, dentro da casa dos pais, e hoje tem faturamento médio de R$ 150 mil por mês. Atualmente, 60% das vendas da empresa são feitas pelo carnê. 

Outro empreendimento do setor que usa os boletos pré-pagos é a Encontre Sua Viagem. A empresa nasceu em 2011 com investimento de R$ 1,5 milhão. Hoje tem faturamento mensal de R$ 3 milhões e é operada por 450 franqueados, entre lojas, quiosques e profissional com atuação em home office (pessoas que montaram seu escritório em casa e trabalham principalmente pela internet). A estratégia da empresa é oferecer possibilidades de franquias a um custo baixo. Para abrir um home office, por exemplo, o interessado pode gastar a partir de R$ 3 mil, com faturamento inicial esperado de R$ 5 mil por mês. 

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Para buscar o público-alvo deste modelo, os empreendedores têm investido em pontos de venda diferentes. Enquanto a RC investe em unidades dentro da Rocinha – Costa comprou recentemente uma agência concorrente na mesma comunidade –, a Encontre Sua Viagem resolveu inserir suas lojas em supermercados populares – a pequena empresa fechou um acordo com a rede Extra. Já a Global Study tem a intenção de expandir seu negócio de intercâmbios para cidades do interior. “Estamos montando um modelo menor, para franquias em cidades com até 300 mil habitantes. Tenho certeza que nesses lugares também existem pessoas querendo estudar no exterior”, diz Imamura.

Na opinião de Luciana Aguiar, sócia diretora da consultoria Plano CDE, esse é um ramo com amplas possibilidades de expansão. “Há espaço na área de hospedagem, de traslado e também em inovações financeiras que possibilitem o acesso facilitado a essas viagens”, destaca.

 
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