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A vida dura dos produtores de maconha legalizada nos EUA

Empresários já atuam em um ambiente de concorrência aberta, mas enfrentam problemas como a dificuldade em abrir uma conta em banco

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Por MURRAY CARPENTER
Atualização:

No interior do Maine, nos Estados Unidos, se encontra uma cidade de pouco mais de 8.000 habitantes, Farmington. É aí que fica a sede da LoveGrown Caregiver Services, uma microempresa que planta e vende cannabis "orgânica". Gerida por Erica e Jack Haywood, a marca tem conquistado espaço em seu estado. O Maine é um dos 25 estados, mais o Distrito de Columbia, que permite o uso da planta para fins medicinais no país norte-americano. 

Fundadores da LoveGrown Caregiver, microempresa que trabalha com a produção de maconha no estado de Maine, nos EUA Foto: Tristan Spinski|The New York Times

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Aprovada inicialmente no estado em 1999, a lei que permite a aplicação da maconha medicinal no tratamento de pacientes só saiu do papel em 2011. A legislação controla também o número de plantas e de clientes que cada centro médico pode ter. 

Essa regulamentação criou uma nova possibilidade de mercado e tem gerado muita competição entre os empreenderores. O mercado de venda licenciada de Cannabis no Maine está crescendo rapidamente, 150% de 2013 a 2015. Além da iniciativa privada, o estado possui oito centros médicos próprios, que também entram nessa competição. Em novembro será votada a legalização total da substância no estado e, em caso de vitória, a competição deve se tornar ainda mais acirrada, refletindo nos preços. 

Erica argumenta que sua marijuana tem um diferencial, já que é uma das cinco marcas certificadas como "Cannabis Limpa" pela Associação de Fazendeiros e Jardineiros Orgânicos do Maine. Mesmo com todos os cuidados tomados, a regulamentação nacional americana ainda não chancelou a marca como orgânica.

Dawson Julia, que também planta e vende cannabis, considera um erro consumir ou fumar algo que não seja orgânico, por se tratar de uma má escolha para a saúde. O empresário, que consome a substância há anos, viu no programa de cannabis medicinal do seu estado uma oportunidade de unir o útil ao agradável. Seu negócio, a East Coast CBDs, fica na cidade de Unity. 

Mas ao tentar certificar seu produto como orgânico em 2011, Dawson teve o mesmo problema de Erica. A droga ainda é ilegal segundo a lei federal dos Estados Unidos, e como o orgão responsável pela tramitação deste tipo de processo só funciona em âmbito nacional, a substância não é reconhecida. Então, ele decidiu criar seu próprio órgão regulatório. Após dois anos e meio a Associação de Fazendeiros e Jardineiros Orgânicos do Maine saiu do papel. As plantas devem ser germinadas no solo (menos as hidropônicas) e fertilizadas com nutrientes naturais. A utilização de pesticidas é bastante restrita.

Além disso, existem outros percalços. Erica explica que eles não podem ter uma conta bancária no nome da empresa, já que os bancos passam por fortes fiscalizações afim de evitar o tráfico de drogas. Outro problema é o número máximo de plantas e pacientes que cada negócio pode ter. Ela diz se sentir em um limbo: "Sou uma criminosa e uma empresária ao mesmo tempo, lido com esse problema diariamente", finaliza.

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