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A nova classe média agora quer ser dona da própria empresa

Mais do que carteira assinada, empreender é o principal objetivo da nova classe C brasileira, mostra pesquisa

Por Gisele Tamamar
Atualização:

Muito tem se falado sobre o poder de compra da nova classe média. Esses consumidores, que ajudaram a movimentar a economia brasileira nos últimos anos, agora têm um novo sonho: abrir o próprio negócio.

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Estudo do Instituto Data Popular mostra que dos 19,7 milhões de brasileiros interessados em iniciar uma empresa este ano, 58,3% – cerca de 11,5 milhões – são da classe C. “O motor de crescimento da classe média foi o emprego, mas será o empreendedorismo que vai levar essa classe adiante. Com o próprio negócio, eles não têm limites e podem crescer cada vez mais sem a hierarquia de um emprego tradicional”, destaca o sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles. ::: Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: O cenário é de mudança. De prioridades e aspirações. A geração passada vislumbrava o emprego com carteira assinada como sinônimo de segurança. Mas a atual classe C, com renda familiar de R$ 2.295 em média, quer crescer profissionalmente e financeiramente.

O estudo elaborado pelo instituto de pesquisa Data Popular mostra ainda que há diferenças importantes, entre as classes sociais, em relação aos motivos para empreender no País.

Ao contrário do jovem universitário, que busca no negócio próprio principalmente sucesso e também reconhecimento, o empreendedor da classe média pensa na empresa como uma forma de dar boas condições para a família e até, se possível, agregar todos os parentes no estabelecimento.

Outra constatação da pesquisa mostra que 44% das pessoas que compõem hoje as classes A e B atingiram esse status pela primeira vez entre seus familiares – ou seja, os pais não eram considerados da elite. “Eles são os empreendedores, que começaram seu negócio e foram crescendo”, acredita Meirelles.

O que motivou os amigos publicitários Fabio Henrique Maganha Pereira, 32 anos, e André Cesário da Silva, 40 anos, a empreender foi justamente a união da necessidade com a vontade de ter a própria empresa.

Criados em famílias de classe média, os sócios não reclamam da situação atual. A Ponto4 Digital, uma fábrica de CDs e DVDs instalada em São Paulo, registrou faturamento de R$ 7 milhões em 2011 e a expectativa é fechar este ano com pelo menos R$ 12 milhões em caixa.

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Mas nem sempre foi assim. A história dos amigos no mundo dos negócios começou com um site dedicado ao estilo musical hip-hop, que recebeu aporte financeiro de uma instituição holandesa. O dinheiro motivou Silva a deixar o emprego de bancário e Pereira a sair da área de comunicação da Bolsa de Valores.

Seis meses depois, a dupla estava sem dinheiro. E sem emprego. A ideia do novo negócio, então, veio de um amigo. Pereira vendeu um notebook para o próprio pai e conseguiu R$ 2 mil para comprar a máquina de copiar CDs e DVDs. O pai de Silva cedeu o imóvel – um antigo boteco da família. Surgia dessa maneira, na raça e no improviso, a Ponto4 Digital.

O amigo que sugeriu o negócio havia prometido indicar clientes para a nova empresa. Mas isso não ocorreu. Diante da (nova) dificuldade, os empreendedores passaram a copiar CDs de bandas de conhecidos, sempre com baixa tiragem. A alavancagem da empresa ocorreria em 2006, quando uma montadora encomendou 68 mil cópias de um projeto em DVD.

Desde então, a Ponto4 não parou de crescer e o foco mudou. Antes, grande fatia do lucro vinha de materiais promocionais. Agora, 70% dos serviços são voltados para o mercado educacional, principalmente as editoras que vendem livros multimídia. “Conseguimos crescer porque reinvestíamos o dinheiro que entrava na empresa. Teve época que o vendedor ganhava mais que os sócios”, lembra Fabio Pereira.

 
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