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A melhor escola do mundo é o risco, diz fundador do Grupo Flytour

Eloi D’Avila já morou nas ruas, revelou que quase quebrou várias vezes, mas hoje comanda um negócio de R$ 4,5 bilhões

Por Gisele Tamamar
Atualização:

A vida do empresário Eloi D’Avila é de superação: a mãe morreu quando ele tinha 1 ano e nove meses e o pai resolveu ‘dar’ todos os filhos – Eloi, por exemplo, foi morar com a irmã. Não por muito tempo. O menino fugiu de casa, viveu na rua e trabalhou de vendedor de pastel a engraxate. Resolveu empreender por necessidade e conseguiu criar um negócio que hoje fatura R$ 4,5 bilhões por ano. “Já tive para quebrar várias vezes e vendi tudo que tinha para continuar com a empresa. A melhor escola do mundo é o risco”, afirmou o CEO do Grupo Flytour.

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A opção por empreender não foi tão fácil. Depois de ser demitido da Linhas Aéreas Paraguaias, ele precisou vender até a casa e estava em busca de uma oportunidade. Eloi, então, encontrou um chileno, que lhe ofereceu a possibilidade de atuar como representante de uma companhia de hotéis no Chile e Paraguai.

“Comecei sozinho”, lembrou. Seis meses depois, o general que comandava a empresa aérea paraguaia chamou Eloi para voltar ao trabalho. Mas desta vez, ele fez a proposta de atuar como representante de vendas da companhia no Brasil. “Eu estava disposto a assumir o risco. O empreendedor precisa saber que não basta ele ser dono de uma ideia, ele tem que conhecer o risco. Naquela época não tinha Excel, business plan. O empreendedor era conhecido como um aventureiro”, contou Eloi, que criou a empresa há 40 anos e compartilhou sua experiência no empreendedorismo durante o Encontro PME. Confira os principais trechos.

NegóciosO Grupo Flytour é formado por sete empresas: de operadora de turismo e franquias a prestação de serviços para empresas. Com forte atuação na venda B2B, o empresário ainda não se acha capacitado para correr o risco financeiro de um site aberto ao público na área. Ele criou o primeiro site da empresa em 1998, quando todos o chamaram de louco. Em 2000, fez uma parceria para criar uma agência de viagem online, onde acumulou prejuízos.

“É muito difícil ganhar dinheiro na internet. Lá você vende preço e precisa ter margens muito pequenas. Eu vendo serviço. O volume de negócios ainda é muito pequeno no Brasil e para ganhar dinheiro precisa de muito volume”, destacou o empreendedor. Mas Eloi não ignora o canal online. Todos os clientes compram da companhia, justamente, pela internet. Apenas a relação direta com o consumidor ainda não está madura o suficiente para esse tipo de risco, avalia.

SucessoQuestionado sobre a manutenção do sucesso com uma empresa de 40 anos, Eloi disse que a “picada de sorte” de cada um costuma ser pequena, estreita. “Não existe uma picada de sorte grande”, pontuou. Por isso, ele acredita que tudo o que passou, de morar na rua e aprender a se virar sozinho, serviu não só como uma experiência de vida, mas também o ajudou a não temer o desconhecido.

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“Você vai aprendendo desde cedo a se livrar dos problemas. E como você se livra? Tomando a iniciativa, refazendo seu propósito. Acho que é isso que eu faço no meu negócio hoje. É importante se preparar para mudar. E é difícil mudar. Mas se você melhorar o ingrediente do bolo certamente a receita vai melhorar”, disse o empresário.

Durante o encontro com pequenos empresários, Eloi revelou que quase vendeu, há seis anos, o negócio para um fundo de investimentos. O contrato já estava pronto, mas Eloi foi viajar com o filho para o Caribe. “Perguntei: ‘vamos vender nossa alma para o diabo?’ Ele falou: ‘Se o senhor não está a fim, não venda.’ Não vendi”, contou. “Nem todos os empresário que venderam seus negócios ficaram felizes. Dinheiro não traz felicidade. Felicidade é você ter um plano de vida e concretizá-lo”, completou.

FuncionáriosDe acordo com Eloi, o colaborador vem em primeiro lugar na Flytour, seguido do cliente e do fornecedor. “Eu não consigo atender uma grande empresa sozinho, preciso deles”, disse. Como empresário, Eloi destaca que uma das coisas importantes da vida é entender que “não basta você tomar o café, o colaborador precisa ter tomado também”. “Eu dou café há 38 anos e invisto uma fortuna no café dos funcionários. Em todas as crises, a primeira coisa que a área de finanças fala é: corta o café! Mas é fundamental entender que você não fará nada sozinho”, afirmou. 

:: 2015 não será um ano fácil, analisa o empreendedor :: Para 2015, o CEO do Grupo Flytour, Eloi D’Avila, prevê um ano de aprendizado e renovação. “Não vai ser fácil. Talvez para o turismo, um dos mais difíceis. Será preciso ter um pouco de calma e um pouquinho de otimismo. Estamos muito negativos”, afirmou. No ano passado, o grupo faturou R$ 4,5 bilhões e fechou o ano com 2,7 mil funcionários. Mesmo diante do cenário adverso, os planos são ambiciosos. O planejamento prevê um faturamento de R$ 9,4 bilhões, 5 mil funcionários, 240 escritórios e 426 lojas em 2018. O empresário usa a trajetória pessoal para enfrentar o momento adverso da economia e diz que todos os problemas políticos, econômicos e pessoais pelos quais passou foram resolvidos da mesma maneira que ele pretende superar a situação atual: levando a sério o que faz, gostando do que faz e investindo no que faz. “Eu vejo um melhor momento para investir no País quando ele está em crise.” Com atuação em sete canais de venda, o empresário está de olho em um novo negócio. Por meio de uma parceria com uma empresa de crédito consignado, a proposta é oferecer pacotes de viagens pagos por meio desse tipo de financiamento. O piloto será lançado em Goiânia e os funcionários públicos poderão quitar a viagem em até 70 vezes. “Se os bancos usaram isso para vender dinheiro, nós queremos vender sonhos para as pessoas viajarem com crédito consignado.”

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AtitudeNa opinião do criador do Grupo Flytour, o empresário precisa saber a hora certa de tomar uma atitude e não vacilar. “Quem não toma atitude não sai do lugar”, afirma o empreendedor de destaque.

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Felicidade A economia vai mal? Vai! O ano deve ser muito difícil para quem administra uma empresa? Sem dúvida. Mas Eloi recomenda ‘não ter medo de ser feliz’ e, para isso, deixar de lado o pessimismo.

ValorizaçãoMuita gente, na visão do empresário, deposita uma energia enorme, por exemplo, no seu time do coração. Por isso, seu conselho é torcer para você, não só para um time de futebol. “É importante acreditar em si mesmo.”

HumanidadeÉ necessário ter humildade para conseguir os objetivos. “Não há necessidade de passar por cima dos outros.” Mas isso não significa que se deve vacilar diante do desafio: “Não precisa ser bonzinho, basta ser transparente.”

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