31 de outubro de 2014 | 07h02
Em 1924, o casal de imigrantes italianos Primo e Yolanda Foroni deu início a uma pequena fabricação de cadernetas em São Paulo. Tudo feito manualmente. Agora, 90 anos depois, o negócio continua na família e produz cerca de 150 mil cadernos por dia no bairro da Mooca.
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Quem ocupa hoje a presidência da Foroni é o filho do casal, Alberto, com 76 anos. Ele lembra que começou a trabalhar no local aos 14 anos, incentivado pelo pai linha dura. “Era molecão, gostava de jogar bola, empinar pipa. Depois você vai começando a se disciplinar, enxergar o trabalho com mais responsabilidade. Se não tivesse seguido na empresa, não sei o que seria.”
A fabricação de livros contábeis e fiscais era o forte da empresa no passado. Tanto que, na década de 70, a Foroni conseguiu investir em dois novos prédios apenas com o lucro obtido em dois anos prósperos. “As empresas tiveram que trocar todos os livros em um curto prazo. Essas mudanças deram fôlego para investirmos.”
Mas com a queda na procura por materiais de escritório, a marca resolveu migrar para os cadernos escolares 20 anos atrás – hoje responsáveis por 70% das receitas. O destaque vai para a linha de licenciamento, como o caderno estampado pela porquinha Peppa.
Por se tratar de um setor sazonal, com pico de consumo concentrado no começo do ano, a Foroni opera no vermelho de março a setembro. A produção voltada para a exportação ajuda a amenizar esse prejuízo. “Uma empresa com essa sazonalidade precisa ter uma administração e um planejamento financeiro muito bem feito”, afirma Marici Foroni, filha de Alberto e atual diretora de marketing da empresa.
Bem familiar, a Foroni tem sete primos envolvidos nas principais áreas. “Temos um orçamento, mas cada um tem autonomia para decidir onde investir em seu departamento. Essa é a nossa grande vantagem em comparação com outras empresas familiares”, diz Marici.
Questionado se pretende se aposentar, Alberto, o atual patriarca, desvia-se da resposta: “Já estou aposentado. Faço de conta que trabalho. É importante para mim, é um lazer.”
Um acerto
Se analisassem todos os fatores, os gestores ficariam na dúvida se expandiriam a Foroni. Mas o apego e a parte emocional de manter o negócio da família vivo motivam o crescimento. Por isso, Alberto aponta a
vontade de fazer a empresa crescer como um acerto. A aposta nos cadernos há 20 anos também é considerada
como uma decisão certeira.
Um erro
Alberto não lembra de um grande erro que tenha comprometido a trajetória da empresa familiar. “Às vezes acontecem coisas pequenas que acabam não comprometendo tanto, como um equipamento que não
funcionou ou um licenciamento que não vendeu muito. Foram coisas pontuais. Eu errei um
pouco aqui. Daí vou corrigir ali e pronto.”
Uma dica
Pai e filha não sabem até quando as vendas de cadernos vão se sustentar, mas acreditam que o produto ainda terá vida longa. Diante dessa situação, a dica de Alberto e Marici Foroni é para o empreendedor acreditar no seu produto. No entanto, dizem, é importante acompanhar ainda a evolução do mercado e sempre buscar inovações para não ficar para trás no segmento.
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