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Opinião|Startup mapeia leis de incentivo e faz match entre empresas apoiadoras e projetos


Com dados de leis de incentivo fiscal de todo o País, a startup Simbiose Social conecta empresas que querem doar parte do seu pagamento de impostos a projetos inscritos em leis como a Rouanet

Por Redação

O Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil 2019 aponta, sob a ótica da produção, que o PIB Criativo respondeu por 2,61% de toda a riqueza gerada no território nacional em 2017, totalizando R$ 171,5 bilhões. Quando a análise recai para o mercado de trabalho formal, essa indústria registrou o emprego de 837,2 mil profissionais e gerou 24.500 novas vagas. A pesquisa, conduzida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e lançada em fevereiro deste ano, analisa 13 segmentos criativos agrupados em quatro áreas: consumo (design, arquitetura, moda e publicidade & marketing); mi?dias (editorial e audiovisual); cultura (patrimo?nio e artes, mu?sica, artes ce?nicas e expresso?es culturais); e tecnologia (P&D, biotecnologia e TIC).

Esse levantamento reflete as transformações de uma nova economia - que tem no cerne diferentes modelos de negócio, hábitos de consumo e relações de trabalho. Essa indústria criativa está sendo impulsionada, também, por negócios de impacto social. Um deles, em especial, está transformando a maneira como as grandes empresas investem em iniciativas socioculturais com os mecanismos das leis de incentivo.

Hoje, no Brasil, existem inúmeros projetos sociais atuantes que necessitam de recursos; por outro lado, há grandes empresas que querem direcionar investimentos para iniciativas sólidas, idôneas e socialmente relevantes. A construção dessa ponte - entre quem precisa de fundos e quem os possui - norteia o trabalho da Simbiose Social, que atua no mercado de leis de incentivo fiscal no Brasil para otimizar e democratizar a distribuição dos recursos financeiros entre projetos e organizações sociais que geram alto impacto e promovem acesso à cultura, saúde e esporte.

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No início do negócio, os empreendedores acessaram, por meio da Lei de Acesso à Informação, os dados de investimentos feitos via leis de incentivos - em especial, números da Lei Rouanet no período de 1991 até 2019. Com base nessa análise, Raphael Mayer e Mathieu Anduze - que trabalharam em multinacionais de bens de consumo e vivenciaram os desafios de buscar projetos para investir - criaram, com o apoio do programador Tadeu Silva, uma plataforma digital que une tecnologia e informação para conectar empresas aptas a doarem parte do pagamento de impostos a projetos aprovados pelas leis de incentivo nas esferas federal e municipal.

Mathieu Anduze (à esq.) e Raphael Mayer, da Simbiose Social. Foto: Marco Torelli
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Mais do que desmontar uma "caixa-preta" das leis do País - que contam com mais de R$ 80 bilhões mapeados dos últimos 27 anos - a plataforma da Simbiose Social altera uma lógica de mercado pautada por um formato em que projetos entravam em contato com empresas, usando ou não intermediários, para serem cogitados para investimentos; uma outra possibilidade era participar de editais. Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel.

Com a Simbiose Social esse cenário muda. A startup de impacto social promove um match entre as empresas que querem - ou que costumam doar parte dos recursos para pagamento de impostos - e os projetos que lutam para captar dinheiro. Ao mesmo tempo, potencializa a pesquisa, a avaliação e a gestão dos investimentos sociais. 

A plataforma une tecnologia e informação para aprimorar pesquisa, avaliação e gestão do investimento social das empresas; nos motores de busca, possui filtros inteligentes capazes de encontrar os projetos mais alinhados às estratégias de responsabilidade social das empresas; na análise dos projetos, a equipe atua para aumentar a segurança dos aportes, auditando não apenas a documentação, como conduzindo uma análise criteriosa da capacidade de execução. Apoiam, também, a elaboração de planos de negócios para dar visibilidade a causas abraçadas por organizações não governamentais, fazendo com que atraiam mais recursos. Criada em 2017, a startup atende grandes companhias e tem no sistema de busca uma base composta por mais de 180 mil projetos. 

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Nos últimos dois anos, os empreendedores geraram um potencial de direcionamento de R$ 150 milhões para projetos. Com uma equipe de 17 colaboradores, a Simbiose Social possui hoje 33 clientes corporativos - que pagam uma assinatura pelo serviço - e mais de 80 organizações sociais que receberam recursos via plataforma. A iniciativa é de suma importância se considerarmos que somente na capital paulista os projetos culturais receberam menos de um quinto de investimentos que poderiam caso utilizassem o Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Promac).

Esse mecanismo permite o direcionamento de até 20% do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ISS (Imposto sobre Serviços) por pessoas jurídicas - 20% do IPTU para pessoas físicas - para iniciativas na área de cultura, podendo somar os dois impostos. Ou seja, há um potencial enorme a ser explorado e que pode gerar um impacto significativo na sociedade.

Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel

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A equipe da Simbiose tem colecionado histórias de sucesso que ilustram esse impacto sociocultural gerado pelo negócio. Uma delas tem por base a ponte criada pelos empreendedores, unindo uma empresa do ramo imobiliário e a UNAS Heliópolis e Região, organização social fundada em 1970. A organização sem fins lucrativos - que oferece atividades educacionais, culturais e apoio psicológico a crianças e jovens - é responsável por grande parte das ações sociais de Heliópolis, atendendo mais de 12 mil pessoas por ano com 50 iniciativas e 800 trabalhadores.

Contratada pela empresa, a equipe da Simbiose firmou uma parceria com a ONG para tirar do papel o projeto de reformulação da Biblioteca Comunitária de Heliópolis. O aporte inicial de R$ 125 mil foi pago com recursos do ISS devido pela empresa. O investimento total - concluído em 2019 - foi de R$ 250 mil aplicados na biblioteca.

A Simbiose Social fortalece a conexão entre o primeiro, o segundo e o terceiro setores ao desenvolver uma nova forma de pensar a direcionar recursos por meio das leis de incentivo. As empresas que contratam a startup de impacto social começam um processo de gerir os impostos de maneira inteligente e ágil; as organizações, por sua vez, passam a ter recursos para tirar do papel projetos importantes.

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Em breve, os empreendedores vão lançar relatórios de mercado e uma plataforma para a gestão dos projetos investidos por todas as empresas do País. Com esse conteúdo será possível apoiar as empresas para que invistam melhor e possam evoluir na democratização do investimento social. 

Com a atuação da Simbiose, o cenário do investimento social pelas grandes empresas tem tudo para mudar, pois esse negócio traz real transparência ao processo de uso das leis de incentivo, ou seja, conseguiremos avaliar se os projetos investidos têm verdadeiro impacto social.  

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

O Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil 2019 aponta, sob a ótica da produção, que o PIB Criativo respondeu por 2,61% de toda a riqueza gerada no território nacional em 2017, totalizando R$ 171,5 bilhões. Quando a análise recai para o mercado de trabalho formal, essa indústria registrou o emprego de 837,2 mil profissionais e gerou 24.500 novas vagas. A pesquisa, conduzida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e lançada em fevereiro deste ano, analisa 13 segmentos criativos agrupados em quatro áreas: consumo (design, arquitetura, moda e publicidade & marketing); mi?dias (editorial e audiovisual); cultura (patrimo?nio e artes, mu?sica, artes ce?nicas e expresso?es culturais); e tecnologia (P&D, biotecnologia e TIC).

Esse levantamento reflete as transformações de uma nova economia - que tem no cerne diferentes modelos de negócio, hábitos de consumo e relações de trabalho. Essa indústria criativa está sendo impulsionada, também, por negócios de impacto social. Um deles, em especial, está transformando a maneira como as grandes empresas investem em iniciativas socioculturais com os mecanismos das leis de incentivo.

Hoje, no Brasil, existem inúmeros projetos sociais atuantes que necessitam de recursos; por outro lado, há grandes empresas que querem direcionar investimentos para iniciativas sólidas, idôneas e socialmente relevantes. A construção dessa ponte - entre quem precisa de fundos e quem os possui - norteia o trabalho da Simbiose Social, que atua no mercado de leis de incentivo fiscal no Brasil para otimizar e democratizar a distribuição dos recursos financeiros entre projetos e organizações sociais que geram alto impacto e promovem acesso à cultura, saúde e esporte.

No início do negócio, os empreendedores acessaram, por meio da Lei de Acesso à Informação, os dados de investimentos feitos via leis de incentivos - em especial, números da Lei Rouanet no período de 1991 até 2019. Com base nessa análise, Raphael Mayer e Mathieu Anduze - que trabalharam em multinacionais de bens de consumo e vivenciaram os desafios de buscar projetos para investir - criaram, com o apoio do programador Tadeu Silva, uma plataforma digital que une tecnologia e informação para conectar empresas aptas a doarem parte do pagamento de impostos a projetos aprovados pelas leis de incentivo nas esferas federal e municipal.

Mathieu Anduze (à esq.) e Raphael Mayer, da Simbiose Social. Foto: Marco Torelli

Mais do que desmontar uma "caixa-preta" das leis do País - que contam com mais de R$ 80 bilhões mapeados dos últimos 27 anos - a plataforma da Simbiose Social altera uma lógica de mercado pautada por um formato em que projetos entravam em contato com empresas, usando ou não intermediários, para serem cogitados para investimentos; uma outra possibilidade era participar de editais. Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel.

Com a Simbiose Social esse cenário muda. A startup de impacto social promove um match entre as empresas que querem - ou que costumam doar parte dos recursos para pagamento de impostos - e os projetos que lutam para captar dinheiro. Ao mesmo tempo, potencializa a pesquisa, a avaliação e a gestão dos investimentos sociais. 

A plataforma une tecnologia e informação para aprimorar pesquisa, avaliação e gestão do investimento social das empresas; nos motores de busca, possui filtros inteligentes capazes de encontrar os projetos mais alinhados às estratégias de responsabilidade social das empresas; na análise dos projetos, a equipe atua para aumentar a segurança dos aportes, auditando não apenas a documentação, como conduzindo uma análise criteriosa da capacidade de execução. Apoiam, também, a elaboração de planos de negócios para dar visibilidade a causas abraçadas por organizações não governamentais, fazendo com que atraiam mais recursos. Criada em 2017, a startup atende grandes companhias e tem no sistema de busca uma base composta por mais de 180 mil projetos. 

Nos últimos dois anos, os empreendedores geraram um potencial de direcionamento de R$ 150 milhões para projetos. Com uma equipe de 17 colaboradores, a Simbiose Social possui hoje 33 clientes corporativos - que pagam uma assinatura pelo serviço - e mais de 80 organizações sociais que receberam recursos via plataforma. A iniciativa é de suma importância se considerarmos que somente na capital paulista os projetos culturais receberam menos de um quinto de investimentos que poderiam caso utilizassem o Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Promac).

Esse mecanismo permite o direcionamento de até 20% do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ISS (Imposto sobre Serviços) por pessoas jurídicas - 20% do IPTU para pessoas físicas - para iniciativas na área de cultura, podendo somar os dois impostos. Ou seja, há um potencial enorme a ser explorado e que pode gerar um impacto significativo na sociedade.

Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel

A equipe da Simbiose tem colecionado histórias de sucesso que ilustram esse impacto sociocultural gerado pelo negócio. Uma delas tem por base a ponte criada pelos empreendedores, unindo uma empresa do ramo imobiliário e a UNAS Heliópolis e Região, organização social fundada em 1970. A organização sem fins lucrativos - que oferece atividades educacionais, culturais e apoio psicológico a crianças e jovens - é responsável por grande parte das ações sociais de Heliópolis, atendendo mais de 12 mil pessoas por ano com 50 iniciativas e 800 trabalhadores.

Contratada pela empresa, a equipe da Simbiose firmou uma parceria com a ONG para tirar do papel o projeto de reformulação da Biblioteca Comunitária de Heliópolis. O aporte inicial de R$ 125 mil foi pago com recursos do ISS devido pela empresa. O investimento total - concluído em 2019 - foi de R$ 250 mil aplicados na biblioteca.

A Simbiose Social fortalece a conexão entre o primeiro, o segundo e o terceiro setores ao desenvolver uma nova forma de pensar a direcionar recursos por meio das leis de incentivo. As empresas que contratam a startup de impacto social começam um processo de gerir os impostos de maneira inteligente e ágil; as organizações, por sua vez, passam a ter recursos para tirar do papel projetos importantes.

Em breve, os empreendedores vão lançar relatórios de mercado e uma plataforma para a gestão dos projetos investidos por todas as empresas do País. Com esse conteúdo será possível apoiar as empresas para que invistam melhor e possam evoluir na democratização do investimento social. 

Com a atuação da Simbiose, o cenário do investimento social pelas grandes empresas tem tudo para mudar, pois esse negócio traz real transparência ao processo de uso das leis de incentivo, ou seja, conseguiremos avaliar se os projetos investidos têm verdadeiro impacto social.  

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

O Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil 2019 aponta, sob a ótica da produção, que o PIB Criativo respondeu por 2,61% de toda a riqueza gerada no território nacional em 2017, totalizando R$ 171,5 bilhões. Quando a análise recai para o mercado de trabalho formal, essa indústria registrou o emprego de 837,2 mil profissionais e gerou 24.500 novas vagas. A pesquisa, conduzida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e lançada em fevereiro deste ano, analisa 13 segmentos criativos agrupados em quatro áreas: consumo (design, arquitetura, moda e publicidade & marketing); mi?dias (editorial e audiovisual); cultura (patrimo?nio e artes, mu?sica, artes ce?nicas e expresso?es culturais); e tecnologia (P&D, biotecnologia e TIC).

Esse levantamento reflete as transformações de uma nova economia - que tem no cerne diferentes modelos de negócio, hábitos de consumo e relações de trabalho. Essa indústria criativa está sendo impulsionada, também, por negócios de impacto social. Um deles, em especial, está transformando a maneira como as grandes empresas investem em iniciativas socioculturais com os mecanismos das leis de incentivo.

Hoje, no Brasil, existem inúmeros projetos sociais atuantes que necessitam de recursos; por outro lado, há grandes empresas que querem direcionar investimentos para iniciativas sólidas, idôneas e socialmente relevantes. A construção dessa ponte - entre quem precisa de fundos e quem os possui - norteia o trabalho da Simbiose Social, que atua no mercado de leis de incentivo fiscal no Brasil para otimizar e democratizar a distribuição dos recursos financeiros entre projetos e organizações sociais que geram alto impacto e promovem acesso à cultura, saúde e esporte.

No início do negócio, os empreendedores acessaram, por meio da Lei de Acesso à Informação, os dados de investimentos feitos via leis de incentivos - em especial, números da Lei Rouanet no período de 1991 até 2019. Com base nessa análise, Raphael Mayer e Mathieu Anduze - que trabalharam em multinacionais de bens de consumo e vivenciaram os desafios de buscar projetos para investir - criaram, com o apoio do programador Tadeu Silva, uma plataforma digital que une tecnologia e informação para conectar empresas aptas a doarem parte do pagamento de impostos a projetos aprovados pelas leis de incentivo nas esferas federal e municipal.

Mathieu Anduze (à esq.) e Raphael Mayer, da Simbiose Social. Foto: Marco Torelli

Mais do que desmontar uma "caixa-preta" das leis do País - que contam com mais de R$ 80 bilhões mapeados dos últimos 27 anos - a plataforma da Simbiose Social altera uma lógica de mercado pautada por um formato em que projetos entravam em contato com empresas, usando ou não intermediários, para serem cogitados para investimentos; uma outra possibilidade era participar de editais. Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel.

Com a Simbiose Social esse cenário muda. A startup de impacto social promove um match entre as empresas que querem - ou que costumam doar parte dos recursos para pagamento de impostos - e os projetos que lutam para captar dinheiro. Ao mesmo tempo, potencializa a pesquisa, a avaliação e a gestão dos investimentos sociais. 

A plataforma une tecnologia e informação para aprimorar pesquisa, avaliação e gestão do investimento social das empresas; nos motores de busca, possui filtros inteligentes capazes de encontrar os projetos mais alinhados às estratégias de responsabilidade social das empresas; na análise dos projetos, a equipe atua para aumentar a segurança dos aportes, auditando não apenas a documentação, como conduzindo uma análise criteriosa da capacidade de execução. Apoiam, também, a elaboração de planos de negócios para dar visibilidade a causas abraçadas por organizações não governamentais, fazendo com que atraiam mais recursos. Criada em 2017, a startup atende grandes companhias e tem no sistema de busca uma base composta por mais de 180 mil projetos. 

Nos últimos dois anos, os empreendedores geraram um potencial de direcionamento de R$ 150 milhões para projetos. Com uma equipe de 17 colaboradores, a Simbiose Social possui hoje 33 clientes corporativos - que pagam uma assinatura pelo serviço - e mais de 80 organizações sociais que receberam recursos via plataforma. A iniciativa é de suma importância se considerarmos que somente na capital paulista os projetos culturais receberam menos de um quinto de investimentos que poderiam caso utilizassem o Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Promac).

Esse mecanismo permite o direcionamento de até 20% do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ISS (Imposto sobre Serviços) por pessoas jurídicas - 20% do IPTU para pessoas físicas - para iniciativas na área de cultura, podendo somar os dois impostos. Ou seja, há um potencial enorme a ser explorado e que pode gerar um impacto significativo na sociedade.

Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel

A equipe da Simbiose tem colecionado histórias de sucesso que ilustram esse impacto sociocultural gerado pelo negócio. Uma delas tem por base a ponte criada pelos empreendedores, unindo uma empresa do ramo imobiliário e a UNAS Heliópolis e Região, organização social fundada em 1970. A organização sem fins lucrativos - que oferece atividades educacionais, culturais e apoio psicológico a crianças e jovens - é responsável por grande parte das ações sociais de Heliópolis, atendendo mais de 12 mil pessoas por ano com 50 iniciativas e 800 trabalhadores.

Contratada pela empresa, a equipe da Simbiose firmou uma parceria com a ONG para tirar do papel o projeto de reformulação da Biblioteca Comunitária de Heliópolis. O aporte inicial de R$ 125 mil foi pago com recursos do ISS devido pela empresa. O investimento total - concluído em 2019 - foi de R$ 250 mil aplicados na biblioteca.

A Simbiose Social fortalece a conexão entre o primeiro, o segundo e o terceiro setores ao desenvolver uma nova forma de pensar a direcionar recursos por meio das leis de incentivo. As empresas que contratam a startup de impacto social começam um processo de gerir os impostos de maneira inteligente e ágil; as organizações, por sua vez, passam a ter recursos para tirar do papel projetos importantes.

Em breve, os empreendedores vão lançar relatórios de mercado e uma plataforma para a gestão dos projetos investidos por todas as empresas do País. Com esse conteúdo será possível apoiar as empresas para que invistam melhor e possam evoluir na democratização do investimento social. 

Com a atuação da Simbiose, o cenário do investimento social pelas grandes empresas tem tudo para mudar, pois esse negócio traz real transparência ao processo de uso das leis de incentivo, ou seja, conseguiremos avaliar se os projetos investidos têm verdadeiro impacto social.  

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

O Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil 2019 aponta, sob a ótica da produção, que o PIB Criativo respondeu por 2,61% de toda a riqueza gerada no território nacional em 2017, totalizando R$ 171,5 bilhões. Quando a análise recai para o mercado de trabalho formal, essa indústria registrou o emprego de 837,2 mil profissionais e gerou 24.500 novas vagas. A pesquisa, conduzida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e lançada em fevereiro deste ano, analisa 13 segmentos criativos agrupados em quatro áreas: consumo (design, arquitetura, moda e publicidade & marketing); mi?dias (editorial e audiovisual); cultura (patrimo?nio e artes, mu?sica, artes ce?nicas e expresso?es culturais); e tecnologia (P&D, biotecnologia e TIC).

Esse levantamento reflete as transformações de uma nova economia - que tem no cerne diferentes modelos de negócio, hábitos de consumo e relações de trabalho. Essa indústria criativa está sendo impulsionada, também, por negócios de impacto social. Um deles, em especial, está transformando a maneira como as grandes empresas investem em iniciativas socioculturais com os mecanismos das leis de incentivo.

Hoje, no Brasil, existem inúmeros projetos sociais atuantes que necessitam de recursos; por outro lado, há grandes empresas que querem direcionar investimentos para iniciativas sólidas, idôneas e socialmente relevantes. A construção dessa ponte - entre quem precisa de fundos e quem os possui - norteia o trabalho da Simbiose Social, que atua no mercado de leis de incentivo fiscal no Brasil para otimizar e democratizar a distribuição dos recursos financeiros entre projetos e organizações sociais que geram alto impacto e promovem acesso à cultura, saúde e esporte.

No início do negócio, os empreendedores acessaram, por meio da Lei de Acesso à Informação, os dados de investimentos feitos via leis de incentivos - em especial, números da Lei Rouanet no período de 1991 até 2019. Com base nessa análise, Raphael Mayer e Mathieu Anduze - que trabalharam em multinacionais de bens de consumo e vivenciaram os desafios de buscar projetos para investir - criaram, com o apoio do programador Tadeu Silva, uma plataforma digital que une tecnologia e informação para conectar empresas aptas a doarem parte do pagamento de impostos a projetos aprovados pelas leis de incentivo nas esferas federal e municipal.

Mathieu Anduze (à esq.) e Raphael Mayer, da Simbiose Social. Foto: Marco Torelli

Mais do que desmontar uma "caixa-preta" das leis do País - que contam com mais de R$ 80 bilhões mapeados dos últimos 27 anos - a plataforma da Simbiose Social altera uma lógica de mercado pautada por um formato em que projetos entravam em contato com empresas, usando ou não intermediários, para serem cogitados para investimentos; uma outra possibilidade era participar de editais. Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel.

Com a Simbiose Social esse cenário muda. A startup de impacto social promove um match entre as empresas que querem - ou que costumam doar parte dos recursos para pagamento de impostos - e os projetos que lutam para captar dinheiro. Ao mesmo tempo, potencializa a pesquisa, a avaliação e a gestão dos investimentos sociais. 

A plataforma une tecnologia e informação para aprimorar pesquisa, avaliação e gestão do investimento social das empresas; nos motores de busca, possui filtros inteligentes capazes de encontrar os projetos mais alinhados às estratégias de responsabilidade social das empresas; na análise dos projetos, a equipe atua para aumentar a segurança dos aportes, auditando não apenas a documentação, como conduzindo uma análise criteriosa da capacidade de execução. Apoiam, também, a elaboração de planos de negócios para dar visibilidade a causas abraçadas por organizações não governamentais, fazendo com que atraiam mais recursos. Criada em 2017, a startup atende grandes companhias e tem no sistema de busca uma base composta por mais de 180 mil projetos. 

Nos últimos dois anos, os empreendedores geraram um potencial de direcionamento de R$ 150 milhões para projetos. Com uma equipe de 17 colaboradores, a Simbiose Social possui hoje 33 clientes corporativos - que pagam uma assinatura pelo serviço - e mais de 80 organizações sociais que receberam recursos via plataforma. A iniciativa é de suma importância se considerarmos que somente na capital paulista os projetos culturais receberam menos de um quinto de investimentos que poderiam caso utilizassem o Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Promac).

Esse mecanismo permite o direcionamento de até 20% do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ISS (Imposto sobre Serviços) por pessoas jurídicas - 20% do IPTU para pessoas físicas - para iniciativas na área de cultura, podendo somar os dois impostos. Ou seja, há um potencial enorme a ser explorado e que pode gerar um impacto significativo na sociedade.

Na prática, 71% dos 182 mil projetos que pleitearam verbas de incentivo no Brasil não saíram do papel

A equipe da Simbiose tem colecionado histórias de sucesso que ilustram esse impacto sociocultural gerado pelo negócio. Uma delas tem por base a ponte criada pelos empreendedores, unindo uma empresa do ramo imobiliário e a UNAS Heliópolis e Região, organização social fundada em 1970. A organização sem fins lucrativos - que oferece atividades educacionais, culturais e apoio psicológico a crianças e jovens - é responsável por grande parte das ações sociais de Heliópolis, atendendo mais de 12 mil pessoas por ano com 50 iniciativas e 800 trabalhadores.

Contratada pela empresa, a equipe da Simbiose firmou uma parceria com a ONG para tirar do papel o projeto de reformulação da Biblioteca Comunitária de Heliópolis. O aporte inicial de R$ 125 mil foi pago com recursos do ISS devido pela empresa. O investimento total - concluído em 2019 - foi de R$ 250 mil aplicados na biblioteca.

A Simbiose Social fortalece a conexão entre o primeiro, o segundo e o terceiro setores ao desenvolver uma nova forma de pensar a direcionar recursos por meio das leis de incentivo. As empresas que contratam a startup de impacto social começam um processo de gerir os impostos de maneira inteligente e ágil; as organizações, por sua vez, passam a ter recursos para tirar do papel projetos importantes.

Em breve, os empreendedores vão lançar relatórios de mercado e uma plataforma para a gestão dos projetos investidos por todas as empresas do País. Com esse conteúdo será possível apoiar as empresas para que invistam melhor e possam evoluir na democratização do investimento social. 

Com a atuação da Simbiose, o cenário do investimento social pelas grandes empresas tem tudo para mudar, pois esse negócio traz real transparência ao processo de uso das leis de incentivo, ou seja, conseguiremos avaliar se os projetos investidos têm verdadeiro impacto social.  

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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