Ana Vecchi
26 de setembro de 2019 | 11h55
Lógico que há vários fatores que interferem nesta afirmação do título. Depende do porte de negócio, do investimento e se a franquia será instalada em shopping center, pois ainda pode ser que dê para inaugurar a loja para vender no Natal.
Por isso digo que outubro é o último mês considerado excelente para se comprar uma franquia de varejo, que vende muito no final do ano por conta de amigo secreto, festas corporativas e Natal. Já inaugurar em janeiro, logo quando começam as liquidações, é algo que pode pesar na projeção de retorno do investimento.
Então, se você está pensando em investir em uma franquia de varejo, de shopping ou rua, esta é a hora de decidir! Desde que você venha estudando o assunto franquia/ franchising, os setores que te interessam, qual o capital disponível versus as marcas que cabem neste valor (prevendo capital de giro e valor do ponto) versus a previsão de retorno do investimento com retirada de pró-labore.
Não se esqueça de avaliar a satisfação dos franqueados e dos que saíram da rede e quanto o que foi prometido pelos franqueadores foi cumprido e condiz com a realidade da operação em que você está pensando em investir.
A partir de novembro ou dezembro, para inaugurar, torna-se mais desafiador o retorno do investimento, pois a primeira equipe formada nem sempre é a que fica, você estará aprendendo a tocar um negócio novo justamente quando você pode ter o maior movimento de loja e não atender às expectativas de seus novos clientes, eles não voltarem.
Movimento em shopping de São Paulo durante o mês de dezembro. Foto: JF Diorio/Estadão
Muito estresse para um início tão desejado e sonhado – o de empreender e ser dono do próprio negócio. Ah! E nem pensar em abrir uma escola de cursos livres nestes meses e ficar pagando aluguel até o início das aulas regulares. Já um colégio precisa de maior tempo para adequação de imóvel, montagem de tudo, recrutar equipe e tudo mais. Então, neste caso há que se pensar se outubro é bom ou se é melhor iniciar o processo mais para o final do ano e poder estar tudo pronto até fevereiro.
Cadastre-se no site da empresa com interesse na franquia, preencha todos os dados da forma mais completa possível, cite a cidade de interesse e demonstre o desejo de ter a marca. Aguarde o retorno para dar início ao processo de seleção, participar de reuniões e entender o real motivo de a marca não estar na cidade em questão.
Em geral, as microfranquias não atuam em shoppings uma vez que o investimento não pode ser acima de R$ 90 mil, senão deixam de ser micro. Há franquias de produtos e/ou serviços que optam por estar em prédios corporativos – os que têm escritórios e clínicas, em sua maioria – tais como cafeterias, gráficas rápidas, papelarias, grab&go, clínicas estéticas, entre outras.
Para saber quais marcas apresentam esta possibilidade, só pesquisando mesmo. Vá pelo setor, conforme os que citei, mas pense quais outros negócios caberiam em locais que você imagina serem bons. Entre nos sites das empresas e procure esta informação. Daí parta para as análises que já propus nos quatro artigos anteriores a este, aqui no Blog do Empreendedor.
Este é um futuro franqueador! Ou não… É preciso realizar um business plan do projeto, avaliar a real viabilidade do mesmo em todos os aspectos possíveis. Uma vez comprovada a viabilidade, elaboramos o pitch deck fantástico e real para atrair investidores e captar recursos para implementação do projeto.
Esta é a grande realidade do universo de startups. Se não fizer a lição de casa direitinho, pode economizar dinheiro na contratação de consultoria para realizar um trabalho desses e não concretizar o projeto ou gerar interesse em investidores nada a ver com o negócio ou com você, ou seja, tudo tem um preço nesta vida e tornar-se um bom franqueador requer investimento, conhecimento e experiência, no mínimo!
É importante partir de uma análise dos negócios que a profissional do setor de saúde tem, fazer uma análise SWOT, analisar os mercados e perfil de clientes que atende. Com diagnóstico traçado envolvendo todas as áreas do negócio, mercado e concorrência, é fundamental elaborar um planejamento estratégico para ela como “marca”, modelo de gestão e expansão de negócios, frentes de atuação, proposta de estrutura organizacional (equipe, funções e atribuições).
Ela se torna a própria marca e referência no setor, geradora de conteúdo para um público alvo específico. Investimentos em marketing digital são importantes para esta virada de chave e um treinamento em postura empresarial a tornará mais segura.
Por hoje ficamos por aqui, porque se eu for divulgar todas as perguntas e respostas teremos um verdadeiro tratado de milhões de caracteres 😊. Deixo duas perguntas no ar: empresariar é um tanto mais do que empreender? Ou é a mesma coisa? Me conte o que você acha e vamos conversar a respeito.
* Ana Vecchi é consultora de empresas, CEO na Ana Vecchi Business Consulting, professora universitária e de MBAs, pós-graduada em marketing e com MBA em varejo e franquias. Atua no franchising há 28 anos em inteligência na criação e na expansão de negócios em rede.
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