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Opinião|O que nos ensinam as mulheres que empreendem na periferia

Empreendedoras em zonas desfavorecidas mostram garra para solucionar problemas sociais; além de bons produtos e serviços vendidos, suas empresas oferecem soluções que mexem positivamente com toda a cadeia

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Atualização:

O empreendedorismo social feminino prospera e fortalece as periferias do Brasil. A despeito de qualquer perspectiva de apoio e de investimentos, as mulheres estão transformando escassez em abundância de soluções criativas em setores como alimentação saudável, educação, saúde e beleza; são negócios de impacto social que servem aos territórios e às pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica.

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Em uma perspectiva propositiva de troca de experiências, acredito que devemos abrir diálogo com elas para uma escuta reflexiva, inspirada na conceituação de Carl Rogers em Abordagem Centrada na Pessoa. O que quero dizer com isso? Embora o exercício de ouvir seja associado constantemente à passividade, o fundamento dessa prática é criar um ambiente no qual dessa conversa possam emergir soluções concretas de apoio a essas empreendedoras periféricas e aprendizados com os saberes delas. Que seja um ambiente em que possamos agradecer imensamente, juntas, a oportunidade do encontro.

Uma das ações que têm mostrado o potencial transformador dessa escuta que constrói novas narrativas de apoio e aprendizado mútuo tem sido implementada pela Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia (Anip), que é liderada pela produtora cultural A Banca em parceria com a Artemisia e o FGVCenn (Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas). Hoje, 70% dos negócios de impacto social acelerados dentro da iniciativa são liderados por mulheres negras, em especial, mães. Uma força feminina com a qual tenho aprendido muito.

Ju Dias, criadora da agência de marketing digital Bora Lá, já foi uma das empreendedoras aceleradas pelo Lab NIP. Foto: Felipe Rau/Estadão

Com o Lab NIP - programa gratuito de aceleração de curta duração, alinhado ao conceito de inclusão produtiva, que potencializa negócios criados e geridos por empreendedores e empreendedoras nas periferias -, criamos, conjuntamente, uma comunicação que nos aproxima.

Ou seja, os vícios de anglicanismo tão presentes no linguajar do empreendedorismo de startups foram completamente abolidos; os horários e as dinâmicas de formações e acelerações foram formatados para atender melhor à agenda das mães-empreendedoras; e a metodologia está mais conectada com as demandas do cotidiano e as vivências nas periferias (plural, porque os territórios têm especificidades e identidades próprias).

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Dos inúmeros aprendizados, um que destaco é a ambição associada à paixão que essas empreendedoras de periferia têm. Elas me mostram, cotidianamente, a garra necessária para solucionar um problema social; sabiamente associam o impacto social que causam a essa paixão por resolver um problema. Vejo que a decisão de empreender e o sucesso das empresas geridas por elas estão intrinsecamente relacionados a essa forma de pensar e agir.

Há muitos negócios inovadores, por exemplo, ligados à alimentação saudável, à moda sustentável e ao empoderamento da mulher negra. Além de produtos e serviços interessantes, essas empresas trazem soluções que mexem positivamente com a cadeia, impactando fornecedores e clientes; reformulando precificação, inclusão e todo um ecossistema. Elas me inspiram muito e são faíscas da transformação!

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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Opinião por Maure Pessanha
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