Maure Pessanha
29 de julho de 2021 | 11h03
Há uma demanda global urgente para mudarmos a relação das empresas e do capital privado com o meio ambiente, abrindo espaço para a geração de impacto ambiental positivo integrado aos negócios. O futuro reúne, de maneira sistêmica e estratégica, a economia e a sustentabilidade ambiental.
Embora seja evidente o potencial do Brasil para gerar desenvolvimento socioeconômico em uma nova lógica ambiental, existe uma necessidade real por inovação e pela adoção de uma abordagem multissetorial, relacionando o meio ambiente como um ativo, não um passivo.
Essa é uma das conclusões da pesquisa A Onda Verde: Oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil, conduzida pela Climate Ventures e Pipe.Labo. Resultado da inteligência coletiva de especialistas e atores-chave da agenda ambiental do Brasil, a pesquisa consolida os principais desafios que o País enfrenta na temática.
Um dos setores-chave apontados por pesquisa é o de gestão de resíduos. Foto: Taba Benedicto/Estadão
A proposta do documento é fomentar a reflexão e convidar empreendedores, grandes empresas, investidores e governos a protagonizar uma transformação sistêmica na relação entre negócios, pessoas e meio ambiente. Como resultado, oferece uma matriz que sintetiza 34 oportunidades de negócios em sete setores-chave para a agenda ambiental brasileira. Da lógica extrativista à de regeneração, o estudo aponta como os negócios de impacto e a consolidação de uma nova economia ambiental podem endereçar os desafios contemporâneos.
A recomendação é que diferentes atores do ecossistema de impacto leiam a matriz de oportunidades à luz do papel que desempenham:
Um dos setores-chave, com seis oportunidades mapeadas, é o de gestão de resíduos –que aponta para o campo de pós-consumo, tendo a logística reversa como um dos grandes eixos em uma interseção com o setor industrial. Um dos exemplos que gostaria de abordar é o negócio de impacto social Reciclo Beleza Sustentável.
Fundada por Fábio Silva e Maria Thereza Alpoim, a empresa é um negócio de inovação para sustentabilidade e tecnologias verdes voltadas ao segmento da beleza. Ou seja, os empreendedores ajudam as marcas e os negócios de perfumaria e cosméticos, saúde, beleza e estética no processo de descarte correto das embalagens via logística reversa e economia circular por meio de pontos de coleta credenciados, que podem ser encontrados no aplicativo e site AiQBeleza. A empresa realiza, também, a coleta com o uso de máquinas coletoras de embalagens.
A Reciclo Beleza Sustentável possui uma certificação ambiental e um selo verde que atesta que a empresa participante está comprometida com a questão ambiental e a legislação. Os empreendedores também buscam ajudar cooperativas e associações de reciclagem por meio da Rede Reciclagem Empreendedora – coordenada pela equipe do negócio.
Desde a fundação do negócio, já foi destinada à reciclagem mais de 1,27 tonelada de resíduos da beleza em parceria com duas cooperativas da zona leste de São Paulo. Entre os compromissos, os empreendedores buscam aplicar alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, tais como geração de trabalho e renda (parceria com cooperativas de todo o Brasil), e estímulo à produção e ao consumo sustentáveis.
Para empreendedores e empreendedoras que desejam saber mais sobre as matrizes de oportunidades, recomendo a leitura do estudo A Onda Verde, que pode ser acessado no site.
* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.
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