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Opinião|Ganhar dinheiro ou mudar o mundo: por que escolher?

Modelo de negócios de impacto é pautado por consciência social unida ao lucro, um não exclui o outro nem substitui o Estado; parece utopia, mas pragmatismo da ideia é evidente

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Atualização:

Construir futuros a partir de novos questionamentos, de reflexões sobre os modelos socioeconômicos vigentes e sob a perspectiva do ser humano no centro de um processo consistente de transformação social. Com essa visão, a criação da Artemisia esteve em plena sintonia com o zeitgest, o espírito do tempo. Há 15 anos, a jovem norte-americana Kelly Michel, aos 23 anos, decidiu fundar no Brasil uma organização destinada a integrar negócios e impacto social positivo.

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Era urgente (e, ainda é) endereçar os desafios da população de baixa renda com soluções potentes. Nesse ambiente propício à inovação social, nasceu a organização, cujo nome é inspirado em Artemisia Gentileschi - pintora italiana do barroco (século 17), a primeira mulher a cursar a Academia de Belas Artes de Florença.

Na época, uma pergunta deu start a essa incrível jornada. Ao aplicar a lógica dos negócios, será que podemos contribuir para a resolução de problemas sociais? Com essa hipótese - e acreditando na possibilidade de uma resposta afirmativa ou em construção -, a reflexão provocada convergiu para a ideia do surgimento de negócios de impacto social.

Um novo modelo, pautado pela consciência social unida ao lucro, no qual as empresas não substituem o Estado, pois o objetivo é qualificar e complementar a presença governamental ao garantir acesso a produtos e serviços essenciais à melhoria da qualidade de vida da população em situação de vulnerabilidade econômica e social.

Mas será que é viável? Será sustentável? Essas são duas, entre milhares de perguntas, muito pertinentes. Embora essa ideia pareça utópica, com o passar dos anos, ficou evidente o pragmatismo desta elaboração, porque nos apoiamos na possibilidade de captar mais recursos - para além do filantrópico - e ganho de escala, tendo o impacto social dentro de uma equação que não dispensa o lucro para garantir sustentabilidade.

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Igualdade de oportunidades e acesso a serviços de qualidade estão no centro de quem empreende de olho no impacto social: demanda humana. Foto: Pixabay

No centro, a demanda humana, pois essa mobilização tem como norteadores o desenvolvimento pleno, a dignidade e a igualdade de oportunidades - que passam pelo acesso a serviços públicos e privados de qualidade.

Fortalecer e repensar modelos de negócios e o ecossistema de empreendedorismo pontuam a missão da Artemisia. Ao propagar esse conceito, a organização provoca, por mais de uma década, uma reflexão em empreendedoras e empreendedores profundamente incomodados e inconformados com a situação do Brasil. São cidadãos que, mesmo quando todas as probabilidades se mostram contrárias, insistem em quebrar paradigmas para investir na criação de soluções inovadoras; são humanos que não quiseram ter de escolher entre ganhar dinheiro ou mudar o mundo.

Desde o início da operação, a organização defende que entre um e outro, pode-se optar pelos dois. Ao refutar a obrigatoriedade da escolha, abre-se espaço para a inclusão de novos valores mais humanos, empáticos e sustentáveis.

Estamos muito felizes com esse aniversário - que celebramos hoje, 8 de dezembro - e gostaríamos de dividir os nossos aprendizados com todos. Convido, em especial, os leitores do Estadão PME a conhecerem um pouco da história da Artemisia no site Artemisia 15 Anos. Sabemos que teremos muito trabalho pela frente para inovar nas formas de enfrentarmos a pobreza. E, nesta caminhada, vamos precisar de todo mundo!

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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Opinião por Maure Pessanha
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