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Opinião|Empreendedorismo de impacto atua nos desafios habitacionais decorrentes da pandemia

Pandemia reforçou desigualdades e agravou crise de moradia da população mais vulnerável; empreendedorismo de impacto social pode endereçar problema com soluções inovadoras

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Atualização:

No evento As cidades pós-pandemia, organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e pelo Instituto do Legislativo Paulista, Eduardo Haddad - professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e presidente da Regional Science Association International (RSAI) - alertou para o fato de que, no mundo pós-covid, testemunharemos o surgimento de novas geografias de descontentes nos países em desenvolvimento, reforçadas por disparidades intraurbanas e inter-regionais.

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Esse conceito está ancorado na ideia de que a maneira como as pessoas vivem e trabalham influencia a forma como enxergam o mundo e como refletem sobre os desafios enfrentados cotidianamente. Esse é um ponto bastante relevante, sobretudo porque a pandemia reforçou as desigualdades estruturais - tanto a social quanto a espacial.

Vimos que as pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica, habitantes das periferias do Brasil, foram as mais afetadas em diferentes dimensões da vida. A nova edição da Tese de Impacto Social em Habitação, lançada em 2021, mostra que o aumento da desigualdade, agravada pela pandemia, tornou ainda mais crítica a crise habitacional; muitas famílias ficaram desprovidas de renda e perderam, com isso, suas casas.

35 milhões de brasileiros não são atendidos pela rede de abastecimento de água. Foto: Governo de São Paulo/ Divulgação - 9/5/2018

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, o aumento do número de famílias despejadas ou ameaçadas de perder o lar configura um Tsunami de Despejos, reforçando a necessidade de se garantir o direito à moradia. No País, a desigualdade de raça e de gênero estão presentes na fotografia dos desafios habitacionais da nação: 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza - e são exatamente essas famílias que são as mais afetadas pela crise habitacional brasileira.

É nesse cenário que atua o empreendedorismo de impacto social e ambiental focado em habitação - em especial, oferecendo produtos e serviços que endereçam desafios como soluções financeiras; regularização fundiária; aluguel acessível em moradias adequadas; reformas habitacionais e assistência técnica; gestão de condomínio de habitações sociais; acesso e eficiência em serviços básicos; qualificação dos espaços públicos e desenvolvimento local; capacitação e oportunidades para profissionais da construção civil; e inovações em processos e materiais da construção civil.

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Para os empreendedores do ecossistema de impacto, dentro do recorte de habitação, falar sobre moradia (e oportunidades de negócios no setor) é entender as diversas dimensões atribuídas à casa por seus moradores: tanto subjetivas - relacionadas a valores afetivos e culturais - quanto práticas, atreladas à segurança e renda. Na pandemia, para muitos brasileiros e muitas brasileiras, a casa foi mais do que refúgio; foi trabalho, lar, geração de renda e a melhor forma de manter um viver digno.

*Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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Opinião por Maure Pessanha
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