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Opinião|É possível começar a empreender depois dos 60?

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Por Redação
Atualização:

Por Ricardo Mollo *

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A expectativa de vida da população tem aumentado nos últimos anos, o que é fantástico. Com os avanços da medicina, muitos conseguem passar dos 60 anos de idade com ótima saúde, com força e vontade de trabalhar. Contudo, como hoje há maior oferta de trabalhadores, não há empregos de bom nível disponíveis, especialmente com a aceleração dos processos de digitalização, o que deve reduzir ainda mais os contingentes. Já que os empregos estão escassos, empreender é uma opção realista para muitos seniores. Mas como conseguir confiança para empreender aos 60?

Muitos seniores ainda não estão preparados para se aposentar porque têm demandas financeiras mensais altas ou mesmo porque não pouparam suficientemente para esta nova fase. Muitos tentam um reposicionamento de carreira para procurar um novo emprego. Mas com o passar dos anos, a dificuldade para manter sua renda aumenta.

Empreender depois dos 60 anos pode ser uma ótima opção para conseguir a manutenção da renda e apesar do esforço do início da empresa, a nova atividade pode trazer uma certa flexibilidade de horário. Porém, e acima de tudo, empreender traz uma oportunidade para as pessoas se manterem ativas, o que obviamente gera impactos na renda mas também na saúde, uma vez que os desafios empresariais estimulam fortemente as atividades cerebrais.

 Foto: Estadão

Teoricamente não há idade para empreender, mas empreender depois dos 60 traz diversos desafios. Os seniores têm experiência, conhecimento, paciência e sabedoria mas estão com a velocidade mais baixa. Têm mais conexões mas usam muito pouco a sua rede de contatos. Geralmente correm menos riscos e têm maior resistência a mudanças. Os jovens estão mais conectados e associados a inovação, mas os mais experientes tendem a criar negócios mais sólidos e sustentáveis, apesar de menos inovadores.

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Os mais experientes são menos energéticos e intuitivos, têm mais demandas pessoais e familiares, são mais conservadores e menos abertos a coisas novas e tecnológicas. Tendem a ser menos dinâmicos, mais reativos e têm mais vícios. Às vezes têm restrições de saúde, financeiras e de locomoção. Porém, costumam ter mais credibilidade, acesso a crédito e mais bens para dar em garantia. Geralmente são mais treinados, racionais e buscam realização profissional e não somente rentabilidade e acumulação de bens.

Empreender nesta fase de vida é desafiador. A energia está menor, mas a bagagem dos anos pode ajudar muito. Muitos se desencorajam por ter mais idade. O medo é natural para qualquer empreendedor, mas vale buscar coragem. Certamente haverá rejeição, dificuldades, falta de recursos, excesso de atividades, o que é muito comuns nas startups, mas a boa notícia é que os mais experientes tendem a aguentar estas pressões com mais resiliência.

A decisão de empreender tem que ser bem pensada. Questione se a aposentadoria vai lhe fazer feliz e se a renda que terá nesta fase lhe dará um padrão de vida satisfatório. Avalie se terá energia suficiente e se seu espírito está positivo para o desafio empresarial e para a tomada de riscos. Empreender traz riscos, mas também um potencial muito maior de retorno.

Mas como começar? Como se apaixonar por empreender e partir para montar o seu negócio? Comece pela mudança na sua forma de pensar e se reinvente. Volte para a sala de aula, procure aconselhamento de mentores e acesse suas conexões. Busque informações e monte um plano de negócios. Teste idéias, crie um protótipo, pegue feedback e ajuda de consultores e de potenciais clientes. O Sebrae e o Sesc Idoso Empreendedor costumam dar apoio para seniores empreendedores.

Comece a desenvolver algo que você realmente goste de fazer. Mas é importante que o seu cliente potencial também goste de sua proposta de valor. Não se empolgue com as modas de mercado. Imagine a empresa dos seus sonhos mas mantenha os pés no chão. Você não precisa fazer a empresa de tecnologia que está em moda, procure fazer algo pelo qual se apaixone e que vá conseguir desenvolver bem e gerir por muito tempo. Algo que seja compatível com suas competências e sua forma de viver.

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Busque apoio financeiro e ajuste suas finanças. Associe-se com os mais jovens, peça opiniões diversas e se abra para as inovações, especialmente as tecnológicas. Use mais os canais digitais e as mídias sociais. E acima de tudo: cuide bem da saúde e pense na sucessão do seu negócio.

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Os principais erros que geralmente os seniores comentem quando decidem empreender são: investir todas as suas economias, não fazer estudo de mercado, achar que o que gosta é exatamente aquilo que o cliente precisa sem perguntar para ele; não buscar feedback, se endividar demais, não focar nas vendas e não separar as finanças pessoais das da companhia. Cuidado. Empreender é algo muito promissor, pode transformar o seu futuro, mas conservadorismo depois dos 60 anos é algo positivo. Risco é algo inerente aos negócios, mas nesta fase de vida não podemos errar tanto, portanto prudência é algo importantíssimo.

De uma forma geral, precisamos parar de ser parciais em relação à idade. Jovens e seniores têm formas diferentes de empreender, mas há espaço para todos, aproveitando o que eles trazem para a empresa. O grande desafio é combinar seniores e jovens na mesma companhia e colher o que de melhor eles têm para contribuir.

* Ricardo Mollo é empreendedor, CEO da Brain Business School e PhD abd pela University of London.

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