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Opinião|A mensagem do criador do Waze é clara: o Brasil é um País de oportunidades

Atualização:

Ontem conheci o Uri Levine, criador do Waze, e aproveitei para agradecer as inúmeras horas (talvez até dias) da minha vida que ele me devolveu ao não desperdiçá-las no trânsito insano de São Paulo.  E depois me lembrei de outro empreendedor que também veio ao Brasil, Niklas Zennström, criador do Skype, que também tinha agradecido pelo dinheiro que economizei e com as oportunidades que tive para conversar com meus amigos e familiares gastando pouco ou nada.

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Muitos ainda não se dão conta sobre a importância dos empreendedores para o desenvolvimento da sociedade. Para estes, a ficha ainda não caiu.

É claro que os negócios criados pelo israelense Levine ou pelo sueco Zennström são incríveis. Mas há 190 anos, as notícias eram enviadas por cavalo. Em 1825, o Samuel estava em Washington, fazendo algumas pinturas no Capitólio, o prédio da assembleia legislativa dos Estados Unidos quando recebeu notícias que sua esposa estava gravemente doente. A mensagem tinha demorado três dias para chegar até ele. Quando finalmente chegou em casa, sua esposa já havia falecido e sido enterrada.

Inconformado, prometeu que criaria uma solução mais rápida de transmissão de informações. Anos mais tarde, Samuel Morse criou uma solução eficaz de telégrafo e em seguida, fundou a Magnetic Telegraph Company. Graças a Morse, uma mensagem que demoraria 20 dias para cruzar o Atlântico chegava agora poucos segundos depois do envio.

Há muita controvérsia sobre quem criou o telefone, mas Alexander Graham Bell conseguiu a primeira patente em 1876. Mas um ano antes, já prevendo o sucesso do seu invento, Bell se juntou a dois sócios investidores para criar a American Telephone & Telegraph Corporation (AT&T). Bell sabia o problema que resolvia e a oportunidade que isto representava.

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Fundador da Waze, Uri Levine. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas como ocorre com a maioria das inovações, o telefone ainda era caro em 1880. Mas não foi o preço, mas o descaso da empresa em que trabalhava que levou William Gray a empreender. Ele era operário em uma fábrica que se a emprestar o telefone para que Gray chamasse um médico para uma situação de emergência que esposa passava. Incomodado com situação, ele patenteou a ideia de um telefone que aceitasse moedas e, seguida, fundou a Gray Telephone & Pay Station, a primeira empresa do mundo a oferecer serviços telefônicos em locais públicos.

Como os telefones de Gray ficam em locais abertos, um problema no sol forte do verão e no frio do inverno, George Tilles teve a ideia de criar cabines telefônicas. Assim, em 1887, fundou a PAN Telephone Company. Além de mais confortáveis, o serviço usava fichas telefônicas que eram recebidas por um atendente. A ideia das fichas foi bem recebida e três anos depois já eram aceitas nos telefones públicos.

O problema de ficha é que eram fáceis de copiar e os que ofereciam este serviço como bares e farmácias estavam tendo prejuízos. Henry Goetz era farmacêutico e pensou em uma solução melhor: uma ficha que tinha fendas, na mesma lógica de chaves. Patenteou a ideia e criou a Yale Slot and Slug Company em 1907.

A ideia de Goetz se tornou padrão para as fichas telefônicas em todo o mundo. Os telefones com fichas só chegaram no Brasil na década de 1960 e eram companheiras inseparáveis dos orelhões. Os brasileiros andavam com fichas telefônicas no bolso, mas em geral tinha problemas em fazer as ligações já que a ficha não caía. Muitos vândalos enfiavam arames e outros objetos no espaço reservado para as fichas, na tentativa de burlar o sistema e fazer ligações gratuitas. As fichas foram substituídas por cartões telefônicos a partir de 1992 e o resto da história você conhece.

Talvez o que não tenha percebido é que muitos anos depois de Morse, Bell e Gray, empreendedores como Niklas Zennström e Uri Levine vêm ao Brasil para transmitir uma mensagem semelhante: O Brasil é um país de oportunidades! Diante de tantas pessoas que se incomodam e não empreendem, a ficha só cai para quem liga para os problemas e conectam soluções!

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* Marcelo Nakagawa é professor de empreendedorismo do Insper

Opinião por Marcelo Nakagawa
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