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Opinião|Com processo seletivo às cegas, startup foca em habilidades e aumenta diversidade

Ao levar vídeo borrado ao recrutador, plataforma Jobecam reduz vieses inconscientes que fazem empresas contratar pela aparência, dando peso maior às habilidades do candidato

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Atualização:

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 13,4 milhões de pessoas estão em busca de trabalho. Dos candidatos a empregos, 23% não têm dinheiro para ir a entrevistas ou para buscar melhores oportunidades. Um dado relevante é que os processos convencionais de recrutamento criam ambientes corporativos pouco diversos, com participação mínima de negros, pessoas com deficiência e LGBT+ em cargos de liderança.

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E se os profissionais em busca de emprego fossem avaliados por habilidades e competências pessoais e não por aparências? Com tecnologia, um negócio de impacto social adota um processo seletivo às cegas que humaniza a contratação de funcionários, reduz os vieses inconscientes de recrutadores e acelera em 70% a etapa de triagem de candidatos.  

A Jobecam - fundada em 2016 por Cammila Yochabell - torna os processos de seleção para empregos mais ágeis, baratos, assertivos e justos. A plataforma interativa de automação dos processos conecta empresas e candidatos por meio de vídeo-recrutamento e entrevistas às cegas. Com uso de inteligência artificial, filtra e ranqueia os perfis adequados para cada vaga, tornando possível que os recrutadores avaliem os candidatos reduzindo os vieses inconscientes para tomadas de decisão mais assertivas. Tornam o processo mais justo e eficiente.

Cammila Yochabell, fundadora da Jobecam. Foto: Marco Torelli

No The Experience, os candidatos realizam as entrevistas por vídeo às cegas, gravando as respostas às perguntas determinadas pelo recrutador, que recebe os vídeos com imagem ilegível e dados ocultos. O recrutador escuta o áudio das entrevistas e aprova os candidatos com base nas experiências, habilidades técnicas e/ou comportamentais; o vídeo sem filtros só pode ser visto após a aprovação para a próxima fase do processo. 

Hoje, os processos de seleção estão sujeitos a análises subjetivas e são caros, chegando a custar R$ 6 mil reais e demorar 40 dias, por vaga. Na prática, os erros de contratação custam caro às empresas. Com a Jobecam, os contratantes baseiam as escolhas em habilidades; ampliam as oportunidades e a representatividade das minorias que são afetadas por vieses inconscientes dos recrutadores; e aumentam a diversidade dentro das empresas.

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Com o propósito de promover um mundo que valoriza as diferenças, a plataforma interativa - conhecida como o The Voice da seleção - já atingiu 40 mil usuários, mais de 130 empresas estão cadastradas e mais de 60 mil entrevistas já foram realizadas.

Como resultados para os candidatos, atributos como visibilidade, rapidez para encontrar vagas, imparcialidade e possibilidade de acompanhar o status do processo que está participando. Para as empresas, ganho de tempo e agilidade, oportunidade de reconhecer o profissional por trás do currículo e match ideal de candidato e vaga. Para a sociedade, um exemplo de como a tecnologia pode estar a serviço de um mercado de trabalho mais inclusivo e diverso.

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

Opinião por Maure Pessanha
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