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Opinião|As 10 tendências de negócios de impacto social para ficar de olho - parte 1

Tendências para empreender com impacto social, em áreas como saúde e habitação, revelam que a indústria de negócios do setor tem se moldado às demandas sociais mais urgentes

Atualização:

"A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo." A frase, atribuída ao escritor e professor Peter Drucker - considerado o pai da administração moderna -, resume um pouco o espírito empreendedor, pois nos direciona para a urgência de transformar desafios em oportunidades. No empreendedorismo de impacto social, a identificação de tendências, que aponta para onde estamos caminhando, resulta do exercício anterior de enxergar o cidadão em todas as dimensões, usando uma profunda empatia.

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Mapear as dores das pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e cruzar com informações sobre tecnologias que estão emergindo e com diferentes modelos de negócio passa a ser uma constante essencial para entender como vencer um gargalo social que não está tendo respostas completas do poder público e da iniciativa privada tradicional. É do olhar permanente e minucioso que saem os estudos, os mapeamentos de tendências e as teses elaboradas pela equipe da Artemisia.

Anualmente, a equipe de Busca & Seleção de Negócios analisa soluções emergentes e dores da população para entender como problemas sociais e ambientais podem ser amenizados a partir de novas formas de empreender, gerando impacto positivo. O resultado desse mapeamento compõe a identificação de 10 tendências que devem permear o futuro e fortalecer os negócios de impacto social que já surgiram.

Em uma série composta por dois artigos, destaque para tendências que estão relacionadas a setores estruturantes - Educação, Habitação, Saúde, Alimentação, Energia -, e outras que permeiam horizontalmente diferentes áreas, mostrando-se temáticas fluídas e disruptivas como arquitetura de escolhas e cadeias produtivas, por exemplo.

A primeira das tendências detectadas é o uso da internet das coisas (IoT) e inteligência artificial. À primeira vista, pode parecer que essas tecnologias só irão afetar a vida da população de maior renda e das grandes empresas. Mas, com o olhar do potencial de impacto social, essas tecnologias podem ser aplicadas para mitigar riscos enfrentados, principalmente, pela população mais vulnerável.

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Iniciativas para combater o desperdício de comida representam tendência de negócios em impacto social. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Exemplo disso são as soluções que podem detectar riscos e crimes ambientais, ou identificar características mensuráveis - vibração da terra e microfissuras - conectado em rede que envia, automaticamente, mensagens de georreferenciamento para a população local. Analisando o potencial de impacto da inteligência artificial temos, como exemplo, soluções tecnológicas que apoiam a aprendizagem personalizada de jovens e crianças e as que oferecem suporte à saúde pública.

A segunda tendência lança luz à alimentação com iniciativas que promovem o acesso à alimentação equilibrada e saudável; combatem os desertos alimentares - locais onde a oferta de alimentos nutritivos como frutas, verduras e legumes é baixa ou inacessível, o que impacta na saúde e no índice de obesidade da população; e combatem o desperdício com soluções que apoiem a geração de renda por meio da alimentação.

Habitação, foco da terceira tendência, aparece como centro das principais agendas globais por ser a moradia tema essencial para a erradicação da pobreza. Pelo caráter transversal - influencia qualidade de vida, saúde, segurança, educação e condições para o desenvolvimento humano - tornou-se uma temática relevante para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU). A análise revela que têm surgido negócios de impacto social que inovam no setor ao adotar materiais alternativos para a construção; ao criar soluções para qualificar e diversificar a mão de obra; desenvolver projetos de arquitetura em áreas periféricas; e reforçar propostas de baixo custo com formas de pagamento diferenciadas.

A temática da energia acessível e renovável, sobretudo a solar, está no cerne da quarta tendência. Nessa seara, a análise recai para modelos que consigam ultrapassar as barreiras de escala e acesso à população de menor renda; serão bem acolhidos, também, produtos e serviços que reduzam a perda de energia e os custos de acesso via geração distribuída de energia.

Empreender com impacto social requer muito mais resiliência, empatia e capacidade de capturar o espírito do nosso tempo

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As soluções voltadas à saúde compõem a quinta tendência. Essa análise passa pela necessidade de serviços de prevenção de doenças e promoção da saúde, visto que diversas enfermidades podem ser prevenidas ou controladas com diagnóstico precoce, hábitos saudáveis e monitoramento constante - como diabetes, problemas cardiovasculares, obesidade.

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Há um movimento forte entre os grandes hospitais: eles estão olhando para a questão dos cuidados primários, que impactam diretamente nos custos decorrentes de internações complexas. Essa forma de agir começa a mudar a lógica da saúde no Brasil, que ainda é muito fragmentada; na prática, o brasileiro precisa ir a muitos especialistas, quando o ideal seria um tratamento integral e atenção básica.

Essas cinco tendências revelam que a indústria de negócios de impacto social tem se moldado às realidades apresentadas por algumas das demandas sociais mais urgentes. Sabemos que empreender é enfrentar, diariamente, desafios de toda natureza. E empreender com impacto social requer muito mais resiliência, empatia e capacidade de capturar o espírito do nosso tempo.

Na próxima semana, vou abordar mais cinco tendências para quem está pensando em empreender - e gerar impacto positivo.

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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Opinião por Maure Pessanha
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