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Opinião|Venture capital, investidor-anjo? Os tipos de financiamento e a quem servem

O que o empreendedor deve saber para encontrar o melhor tipo de financiamento para seu negócio, desde programas públicos de fomento ao private equity

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Por Redação
Atualização:

Por Roberta Sodré, consultora de inovação do Sebrae SP

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Em tempos de alterações no cenário econômico brasileiro e taxa de desemprego elevada, muitas pessoas enxergam oportunidades para investir em um negócio próprio. Para quem tem este desejo, é importante ficar atento às formas de financiamento.

Vamos esclarecer alguns pontos importantes, lembrando que falaremos de planejamento, não de emergências ou urgências enfrentadas pelos empreendedores, pois essas devem ser tratadas de outra forma. 

Como as empresas crescem? Quais recursos existem para planejar este crescimento? Onde será alocado o investimento? São perguntas básicas para o empreendedor começar a responder. Assim, ele vai criando sua tese de investimento para conseguir fazer um filtro na captação de recursos adequada ao seu momento atual.

Vamos abordar a captação de recursos focando empresas inovadoras, sendo micro e pequenas empresas, microempreendedores individuais (MEIs) e startups. Todas têm uma forma de conseguir aporte financeiro para seus projetos de inovação e devem estar aptos a uma linha adequada a seus desafios.

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Existem diversas linhas de crédito oferecidas para os novos empreendedores, tanto em bancos públicos quanto em bancos particulares, agências de fomento e outras fontes como pessoas físicas, investidor anjo, fundos de investimentos para capital semente, passando por venture capital e private equity.

É preciso analisar o seu negócio para entender qual melhor tipo de investimento a se buscar. Foto: Pixabay

A análise que os empreendedores precisam fazer é: 

  1. Qual linha faz sentido para o momento atual?
  2. Qual tipo de recurso é reembolsável ou não reembolsável?
  3. Priorizar o mais importante, entender o grau de burocracia envolvido

Os riscos que envolvem o processo de inovação podem ser minimizados por meio de apoio de recursos não reembolsáveis. A captação de recursos é atividade imprescindível para as empresas que pretendem incrementar sua competitividade em um mercado tão dependente de inovações.

Os programas de captação de recursos por meio de apoio financeiro podem ser reembolsáveis, com taxas mais interessantes, mas que precisam ser devolvidas, e não reembolsável, que não precisam ser devolvidas. Os programas de fomento à inovação do Sebrae-SP se distinguem pela fase de crescimento, sendo elas:

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  1. Curiosidade: fase de desmistificar o empreendedorismo, de autoconhecimento e busca de oportunidades
  2. Ideação: fase de ter ideias de negócio para suas hipóteses; nessa fase não há produto, ainda se tocam projetos paralelos (como um emprego), sem dedicação exclusiva, buscando criação da equipe
  3. Validação: fase para definições dos problemas a serem enfrentados, definir qual a proposta de valor e criar seu mínimo produto viável (MVP) para atacar o problema identificado, ter um sócio dedicado ao projeto, criar ao fim desta fase uma equipe completa e iniciar as primeiras vendas, testar o modelo de negócio. Ao fim dessa fase deve-se encontrar o product/market fit: um produto que satisfaça a real necessidade do mercado em que você está inserido.
  4. Aceleração: nessa fase, o empreendedor precisa se dedicar a gerar receita, realizar o chamado job to be done (entendendo o trabalho que vai realizar para facilitar a vida dos clientes) para melhorar sempre o produto/serviço, ter uma equipe dedicada para fazer acontecer.
  5. Tração: é a fase da busca por investimentos para conseguir aumentar a máquina de venda, para que este motor de vendas seja forte e eficiente. As startups precisam do mercado para crescer e melhorar o produto/serviço, medindo a satisfação dos clientes de forma a tomar decisões rápidas e corrigir erros na rota para o sucesso.

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E quais são os tipos de financiamento existentes?

Hoje em dia é preciso considerar os prós e contras das várias linhas de crédito oferecidas pelos bancos aos novos empreendedores, tanto em bancos públicos quanto em instituições privadas. Ambos apresentam vantagens e desvantagens, é preciso analisar qual é o melhor para a empresa.

  • Bancos: O nível burocrático exigido pelos bancos privados e o nível de monitoramento são menores do que os públicos, assim como o prazo de pagamento, mas os juros costumam ser mais altos. Buscar linha de crédito em bancos públicos é mais difícil, o nível burocrático e o nível de monitoramento são maiores, porém sempre será uma opção mais barata, visto que os juros são menores e os prazos para pagamento maiores.
  • Investidor-anjo: São pessoas físicas que realizam investimentos de risco. Geralmente, são profissionais, executivos e empreendedores experientes que têm recursos disponíveis para investir. O termo "anjo" surge em função de que não se trata apenas de um investidor financeiro tradicional que fornece o capital necessário, mas de um investidor que apoia o empreendedor e compartilha seu conhecimento a fim de orientar o empreendedor a trilhar um caminho de sucesso (e então ser remunerado pelo investimento realizado). O chamado smart money é todo o investimento em negócios de risco e baseia-se na premissa de que, além do investimento financeiro, a startup terá acesso ao conhecimento do investidor e à sua rede de contatos, o que muitas vezes é mais valiosa do que o investimento financeiro. Isso evidencia a importância de contratar uma empresa que já disponha de sólida rede de investidores, desenvolvendo projetos em ambientes nos quais a colaboração e cocriação estão presentes. Como submeter projetos ao investidor-anjo? Plataformas de apresentação de projetos, entre outras. Outro meio possível é em eventos com pitchs para investidores.
  • Crowdfunding: Novo nome para a conhecida "vaquinha" entre amigos, só que no ambiente virtual. É um modelo de financiamento coletivo. O empreendedor do projeto estipula uma quantia e um prazo para arrecadar o dinheiro, e a plataforma fica com uma porcentagem arrecadada. Os interessados em investir fazem doações por meio de cartão de crédito e recebe algum benefício simbólico: uma medalha, um produto, ingresso para um show. Os projetos de impacto social em comunidades são os que mais se beneficiam da modalidade. O compromisso do empreendedor é levar o projeto adiante, por isso sua proposta de valor e sua credibilidade contam para sensibilizar os investidores.
  • Equity crowdfunding: São plataformas de financiamento coletivo, porém só para empresas. Os investidores que participam do crowdfunding terão participação na empresa e recebem uma porcentagem que varia de acordo com o volume investido. O processo de apresentação da startup na plataforma tem custos para o empreendedor, cobrado sobre o sucesso da captação. Pode ser cobrado também um valor fixo ou porcentual sobre o processo durante a captação de investimentos. As informações que os empreendedores precisam apresentar nas plataformas são similares a qualquer outro processo de captação: tamanho do mercado, inovação do produto, barreiras de entrada para concorrentes, saúde financeira etc.
  • Aceleradoras: Trata-se de programas de três meses a dois anos para preparar os empreendedores na busca por investimento. São apoiadas por empresas de investimento de risco, semelhantes a fundos, para ter um suporte financeiro e intelectual no crescimento da empresa. Após um maior nível de maturidade (que pode ser medido pelo tamanho do faturamento, por exemplo), a startup pode buscar por fundos de investimentos, que variam o aporte desde o nível semente (R$ 500 mil) a R$ 5 milhões. As aceleradoras orientam sobre a abertura da empresa, o contrato social, a parte jurídica e definem a porcentagem de participação dos sócios e investidores. As aceleradoras têm um espaço de trabalho compartilhado (coworking,) no qual transitam várias startups, oferecendo um ambiente propício para aumentar a rede de contatos.

Os programas de fomento para inovação podem ser:

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  • Não reembolsáveis: Financiamento público para projetos, muitas vezes o dinheiro não precisa ser devolvido, entretanto há algumas exigências (as patentes podem ser partilhadas entre a instituição e o empreendedor). Alguns programas: PIPE FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), nas modalidades PIPEI, PIPEII e PIPEIII (mais informações no site).
  • Reembolsáveis: Aqui, a vantagem é que as taxas de juros são inferiores às praticados pelo mercado. Os governos têm muito interesse na inovação, pois geram resultados econômicos e sociais para o País. Por isso, financiam startups já consolidadas como empresa, que precisam de aporte de capital para crescer. Entre os programas: EMBRAPII, BNDES, DESENVOLVE SP, Financiadora de Estudos e Projetos.

  • Fundos de Investimento: são formados por um grupo fechado de investidores, que podem ser empresas, pessoas físicas com capital relevante e investidores institucionais, como seguradoras, fundos de pensão e organizações governamentais e de fomento (Sebrae, Finep, BNDES, BID, entre outras).

Os fundos também possuem sempre um período de duração, que frequentemente é de dez anos, tempo dedicado para realizar a seleção das empresas, o investimento, a maturação e, por fim, a venda da participação. Além disso, cada fundo de investimento possui uma abordagem de atuação, chamada tese de investimento, que descreve quais são suas características específicas.

São pessoas jurídicas criadas especificamente para realizar uma série de investimentos de risco em empresas inovadoras. Geralmente, investem em estágios mais avançados, como venture capital e private equity, voltados para startups em estágios mais avançados com maior grau de maturidade, faturamento relevante e que desejam montar uma estratégia de captação de investimentos de risco para realizar projetos de médio e longo prazos. Esses fundos são formados por um grupo fechado de investidores.

  • Venture capital: varia de R$ 5 milhões a R$ 30 milhões e é um tipo de fundo de investimento focado em capital de crescimento para empresas saindo do pequeno porte avançando para médio porte que já possuem carteira de clientes e receita, mas que ainda precisam dar um salto de crescimento.

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A maturação do nosso ecossistema tem atraído cada vez mais investidores estrangeiros, como a maior gestora de fundos venture capital do mundo, Softbank, com quase US$ 100 bilhões sob gestão, entrando no País por meio de investimento nas empresas. Outros fundos globais relevantes que mais investem no Brasil: Redpoint e Ventures, Monashees+ A Monashees+, SP Ventures, e outras.

  • Private equity: é uma expressão em inglês que pode ser traduzida para "ativo privado", uma modalidade de fundo de investimento que consiste na compra de ações de empresas que possuam boas faturações monetárias e que estejam em notável crescimento.

As empresas recebem mais que investimentos, os fundos trazem experiência e conhecimento aos empreendedores. A relação, no entanto, tem outro lado: as empresas passam por um processo de profissionalização e precisam manter tudo nos trilhos para prestar contas aos novos sócios. Nessa modalidade, os investidores aportam o capital diretamente na empresa, em troca de uma participação porcentual no capital social delas. O private equity é um tipo de aplicação que pode ser feita diretamente por empresas, instituições, fundos de investimento ou até mesmo investidores individuais (acima de R$ 30 milhões).

Obviamente, quanto maior a maturidade do investimento, mais complexo ele se torna. Fundos de private equity são aqueles que investem em empresas não listadas na Bolsa, participando ativamente de sua gestão com o objetivo de desenvolvê-las para posteriormente realizar o desinvestimento com ganhos.

Para concluir, acredito que o empreendedor tem de entender o seu mercado e seus desafios para escolher o tipo de fonte de financiamento. Não é todo dinheiro que vale a pena, focando na fase de crescimento que a empresa se encontra. A gestão empresarial tem de prestar contas precisas a terceiros, para que essa relação seja saudável e duradoura.

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